Canetas Emagrecedoras Proibidas: Entenda a Polêmica e os Riscos à Saúde
Canetas emagrecedoras proibidas: entenda a decisão da Anvisa

Eis que surge mais um capítulo naquela busca incessante — e por vezes desesperada — pelo corpo perfeito. Desta vez, as canetas emagrecedoras entraram na berlinda, virando alvo de uma decisão dura da Anvisa. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária simplesmente proibiu a manipulação desses dispositivos, gerando um burburinho enorme entre médicos e pacientes.

Mas calma, não é bem o que você tá pensando. A medida não atinge as canetas originais, aquelas de marcas consolidadas que seguem rigorosamente as regras. O problema mora justamente nas versões manipuladas, que têm surgido como cogumelos após a chuva — e com um risco absurdo para a saúde.

O que exatamente a Anvisa barrou?

A resolução da Anvisa, publicada no Diário Oficial, foi clara como água: farmácias de manipulação não podem mais preparar ou comercializar canetas injetáveis contendo semaglutida ou liraglutida — os princípios ativos da vez no mundo do emagrecimento.

Por quê? A explicação é técnica, mas crucial. Esses medicamentos são classificados como produtos biológicos. E olha, biologicamente falando, isso é coisa séria. Eles exigem condições ultraespecíficas de produção, armazenamento e controle de qualidade. Qualquer deslize — e estamos falando de mínimas variações — pode transformar o remédio em um veneno potencial.

E o que continua valendo?

Aqui vai o alívio para quem depende do tratamento legítimo: as canetas industrializadas, devidamente registradas e aprovadas pela Anvisa, seguem liberadas. Marcas como Ozempic, Saxenda e Wegovy, por exemplo, continuam nas prateleiras — com prescrição médica, é claro.

Além disso, as farmácias ainda podem manipular as substâncias em formas mais tradicionais, como frascos multidose com seringas separadas. Mas mesmo assim, a coisa não é livre como antigamente. A Anvisa impôs regras muito mais rígidas para essa prática.

O lado B da história: a crítica ferrenha dos médicos

Enquanto isso, do outro lado do balcão, os endocrinologistas praticamente estão de pé, batendo palmas. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) já vinha há meses soltando foguetes de alerta sobre os perigos dessas fórmulas manipuladas.

O dr. Bruno Halpern, endocrinologista que acompanha de perto esse tema, não poupa palavras: "A gente via coisas assustadoras. Canetas com concentrações erradas, contaminadas, ou com eficácia simplesmente duvidosa. O paciente achava que estava comprando uma solução, mas na verdade estava comprando um problema."

E os riscos? Vão desde simples inefetividade — jogar dinheiro (e esperanças) fora — até reações inflamatórias graves, descontrole glicêmico e quem sabe até algo pior. Sem contar o efeito psicológico de ver a balança travar após investir uma pequena fortuna.

Por que tanta gente caiu nessa?

Ah, a resposta é quase óbvia: o preço. As canetas originais custam os olhos da cara — estamos falando de valores que podem passar de R$ 1.000 por mês. As manipuladas apareciam como uma alternativa quase milagrosa, cobrando até 70% menos.

Mas como diz aquele velho ditado popular, o barato que sai caro. A economia imediata pode custar a saúde — ou até mais — lá na frente.

E agora, José?

Para quem já estava usando as tais canetas manipuladas, a recomendação é não entrar em pânico, mas também não continuar sozinho. A ordem é correr para o médico que prescreveu o tratamento e reevaluar a situação.

Existem alternativas — talvez não tão glamourosas ou moderninhas, mas seguras e eficazes quando bem indicadas. Desde outros medicamentos até mudanças comportamentais com acompanhamento multiprofissional.

No fim das contas, a mensagem que fica é aquela que a gente já conhece, mas teima em esquecer: atalhos raramente dão certo quando o assunto é saúde. O corpo agradece quando a gente escolhe o caminho mais chato, mas seguro.