Estratégia inovadora no combate à dengue
Neste sábado (8), o Brasil marcou o Dia Nacional Contra a Dengue com ações preventivas em várias regiões do país. Uma cena incomum chamou a atenção em Luziânia, no entorno do Distrito Federal: a soltura de mosquitos Aedes aegypti que são imunes ao vírus da dengue.
Esta iniciativa faz parte do Mutirão de Combate à Dengue e utiliza uma abordagem científica inovadora. Lucas Betti de Vasconcellos, superintendente estadual do Ministério da Saúde em Goiás, explicou o funcionamento da técnica: "Ao proliferar nos acasalamentos, que é natural, orgânico, ela vence o mosquitinho. Então, a gente pode ter mosquitos rondando, mas nenhum com a capacidade de transmissão".
Preocupação com novo sorotipo e baixa vacinação
Enquanto isso, em Palmas, agentes de saúde percorreram residências eliminando focos do mosquito. Christiane Bueno, gerente de vigilância das arboviroses da SES/TO, alertou para um grave problema: "Hoje nós temos uma grande preocupação que é a reintrodução do sorotipo 3 da Dengue, onde não circulava no país e aqui no estado também, desde 2008. Então nós temos uma grande parcela da população suscetível a esse vírus".
As equipes de combate à dengue também estiveram presentes em Juazeiro, na Bahia, e em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia. Nesta última localidade, os agentes encontraram uma situação alarmante: um lote completamente tomado por lixo e entulho, acumulando água da chuva.
Rasível Santos, secretário de Saúde de Goiás, explicou o perigo: "Esse ovo está ali eclodindo, ele pode ficar muito tempo ali, no seco. E a hora que a água vem, ele eclode e tem ali um mosquito".
Números alarmantes e desafios da vacinação
Os dados epidemiológicos reforçam a urgência das ações. O Brasil registrou em 2025, até agora, 1,6 milhão de notificações de dengue e 1.700 mortes. A maioria dos casos se concentra em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Rio Grande do Sul, com 30% dos municípios brasileiros em alerta para a doença.
Outra preocupação das autoridades é a baixa procura pela vacina contra a dengue, disponível no SUS para crianças e adolescentes. Em Goiás, 51% do público-alvo não retornou para tomar a segunda dose.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, destacou que este é um problema nacional: "Não é só em Goiás, mas é uma realidade do Brasil, essa proporção é muito parecida em outras regiões do nosso país, onde quase só metade, varia entre 50% e 60% das pessoas que tomaram a primeira dose e voltaram para tomar a segunda. Precisa de duas doses para a pessoa estar de fato protegida".
Entre os que compreenderam a importância da imunização completa está Luiz Neto, de 8 anos, que aproveitou o Dia D para tomar a segunda dose. "Não vou ter dengue mais não, agora. Tomei vacina. Doeu? Não, nem um pouco", comemorou o menino.