O Brasil alcançou um marco histórico no combate à AIDS. Nesta segunda-feira, 1º de dezembro, Dia Mundial da Luta Contra a Aids, o Ministério da Saúde anunciou que o país eliminou a transmissão vertical do vírus HIV, que ocorre da mãe para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação.
Um marco sustentado na saúde pública
De acordo com os dados oficiais, a taxa de transmissão vertical ficou abaixo de 2% em 2024. A incidência da infecção em crianças foi inferior a 0,5 caso para cada mil nascidos vivos. Esses números significam que o Brasil interrompeu, de forma sustentada, esse tipo de infecção, atingindo integralmente as metas internacionais estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O sucesso é atribuído a uma cobertura superior a 95% em pré-natal, testagem para HIV e oferta de tratamento às gestantes que vivem com o vírus. O acesso gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a terapias antirretrovirais de ponta, capazes de tornar o vírus indetectável e intransmissível, foi um pilar fundamental para esse resultado.
Queda histórica em mortes e casos
O anúncio trouxe mais boas notícias. O número de mortes por AIDS no Brasil caiu cerca de 13% no último ano, chegando a 9,1 mil óbitos. Esta é a primeira vez em três décadas que o país registra menos de 10 mil mortes anuais pela doença.
Os casos de AIDS também apresentaram queda de aproximadamente 1,5%, passando de 37,5 mil registros em 2023 para 36,9 mil. No componente materno-infantil, a redução foi ainda mais expressiva: 7,9% nos casos de gestantes com HIV (7.500) e 4,2% no número de crianças expostas ao vírus (6.800). Estima-se que o Brasil tenha cerca de 1 milhão de pessoas vivendo com HIV.
A estratégia da Prevenção Combinada
O Ministério da Saúde destacou a Estratégia de Prevenção Combinada como um dos motores do avanço. A política, que antes se centrava principalmente na distribuição de preservativos, agora incorpora ferramentas modernas como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição).
O crescimento no uso da PrEP é notável: desde 2023, o número de usuários aumentou mais de 150%, com 140 mil pessoas utilizando a profilaxia diariamente atualmente. Para engajar o público jovem, que vem reduzindo o uso de preservativos, o ministério também adquiriu camisinhas texturizadas e sensitivas.
Além disso, o SUS mantém a oferta gratuita de terapia antirretroviral para todos os diagnosticados. Mais de 225 mil pessoas utilizam o comprimido único de lamivudina mais dolutegravir, combinação conhecida por alta eficácia e melhor tolerabilidade.
Esses avanços colocam o Brasil mais perto das metas globais 95-95-95. O país já cumpriu duas das três metas: que 95% das pessoas vivendo com HIV conheçam seu diagnóstico e que 95% das diagnosticadas estejam em tratamento. O caminho agora é garantir que 95% das pessoas em tratamento alcancem a supressão viral, completando o ciclo virtuoso de controle da epidemia.