Brasil elimina transmissão vertical do HIV como problema de saúde pública
Brasil atinge menor patamar de transmissão do HIV mãe-filho

O Brasil alcançou um marco histórico no combate à epidemia de HIV/aids. Dados divulgados pelo Ministério da Saúde mostram que o país atingiu os critérios internacionais para eliminar a transmissão do vírus de mãe para filho como um problema de saúde pública. A conquista é resultado de uma trajetória de queda sustentada nos indicadores.

Metas internacionais alcançadas

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado em 1º de dezembro de 2025, o Brasil manteve, entre 2023 e 2024, uma taxa de transmissão vertical (da mãe para o bebê) abaixo de 2%. A incidência da infecção em crianças permaneceu menor que 0,5 caso para cada mil nascidos vivos.

Esses números atendem plenamente aos parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para que um país seja considerado livre do problema como questão de saúde pública. O relatório aponta uma redução de 7,9% no número de gestantes vivendo com HIV em 2024, e uma queda de 4,2% no total de crianças expostas ao vírus em relação ao ano anterior.

Fatores por trás do sucesso

Várias estratégias contribuíram para este cenário positivo. Um dos pontos destacados pelo Ministério da Saúde é o início mais precoce da profilaxia neonatal, quando o recém-nascido recebe medicamentos antirretrovirais logo após o parto. O atraso nessa etapa crucial foi reduzido pela metade.

Além disso, o país tem ampliado sua abordagem de prevenção. A chamada "prevenção combinada" deixou de focar apenas no preservativo e passou a incorporar outras ferramentas eficazes, como a PrEP (profilaxia pré-exposição) e a PEP (pós-exposição). O número de usuários da PrEP no Sistema Único de Saúde (SUS) cresceu mais de 150% desde 2023, chegando a 140 mil pessoas.

Para enfrentar a queda no uso de camisinhas, o governo passou a distribuir preservativos texturizados e mais finos, conhecidos como TEX. No campo do diagnóstico, houve um reforço significativo: foram adquiridos 6,5 milhões de testes rápidos que detectam HIV e sífilis ao mesmo tempo, além de 780 mil autotestes para uso doméstico.

Impacto no tratamento e mortalidade

Os avanços também são visíveis nos dados de tratamento e mortalidade. O SUS mantém a oferta universal de antirretrovirais, com esquemas terapêuticos cada vez mais simples. Hoje, mais de 225 mil pessoas utilizam o comprimido único que combina lamivudina e dolutegravir.

Um dado que chama a atenção é a queda nas mortes por aids, estágio avançado da infecção. Em 2024, foram registradas 9,1 mil mortes, uma redução em relação às mais de 10 mil do ano anterior. Esta é a primeira vez em três décadas que o total fica abaixo de dez mil.

Os novos casos de aids também apresentaram uma leve redução, passando de 37,5 mil em 2023 para 36,9 mil em 2024, uma queda de 1,5%. Em 2024, o Brasil contabilizava aproximadamente 68,4 mil pessoas vivendo com HIV ou aids, mantendo uma tendência de estabilidade.

O resultado consolida o Brasil em um grupo seleto de nações que conseguiram controlar de forma eficaz a transmissão vertical do HIV, demonstrando a eficácia das políticas públicas de saúde quando há investimento contínuo e abordagem multifacetada.