O Brasil deu um passo histórico no combate à dengue nesta quarta-feira (26) com a aprovação da primeira vacina do mundo em dose única contra a doença. Desenvolvida pelo Instituto Butantan, a vacina chega em um momento crítico: o país registra quase 6 milhões de casos confirmados de dengue.
Detalhes da aprovação e aplicação
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde oficializaram a liberação da vacina Butantan-DV durante coletiva de imprensa em São Paulo. O imunizante será destinado a pessoas entre 12 e 59 anos e oferece proteção tetravalente, cobrindo os quatro tipos diferentes do vírus da dengue.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, participou do anúncio e deve revelar o início da aplicação na população. A vacina será incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), representando um avanço significativo para a saúde pública brasileira.
Produção e eficácia comprovada
Mesmo antes da aprovação final, o Butantan demonstrou confiança no produto e iniciou a produção em seu parque industrial. De acordo com apuração da rádio CBN, o instituto já conta com mais de um milhão de doses prontas para distribuição pelo PNI.
Os números de eficácia impressionam: nos estudos de fase dois, a vacina demonstrou 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática. Já na terceira fase, a proteção alcançou 89% contra dengue grave e dengue com sinais de alarme, mantendo eficácia e segurança por até cinco anos.
Expansão da capacidade produtiva
Para atender à demanda nacional, o Butantan estabeleceu uma parceria estratégica com a empresa chinesa WuXi. Este acordo permitirá ampliar significativamente a produção, com previsão de entregar aproximadamente 30 milhões de doses no segundo semestre de 2026.
O pedido de registro da vacina foi submetido à Anvisa em 16 de dezembro do ano passado, após cinco anos de acompanhamento com voluntários do ensaio clínico de fase três. A agilidade no processo de aprovação reflete a urgência do cenário epidemiológico.
Atualmente, o Brasil dispõe de outro imunizante contra dengue na rede pública, a Qdenga. No entanto, esta vacina é produzida no exterior, requer dose dupla e tem capacidade limitada de atendimento, alcançando apenas parte dos municípios brasileiros.
A vacina do Butantan representa não apenas um avanço científico, mas também uma conquista da soberania nacional em saúde pública, oferecendo uma solução mais acessível e prática para o combate à dengue que assola o país.
