Paciente aguarda anos por cirurgia na coluna no Hospital de Bonsucesso
Anos de espera por cirurgia na coluna no Rio

Anos de dor e incerteza no aguardo de uma cirurgia urgente

A vida da empregada doméstica Maria Cristina de Oliveira mudou radicalmente devido a dores intensas que a acompanham há anos. Diagnosticada com mielopatia cervical em 2021, uma condição grave que comprime a medula espinhal na região do pescoço, ela enfrenta uma batalha contra o tempo e a burocracia do sistema de saúde.

Maria Cristina aguarda por uma cirurgia urgente no Hospital Federal de Bonsucesso, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os médicos alertam que, sem a intervenção cirúrgica, há risco iminente de tetraplegia. "Minha vida mudou tudo. Eu não consigo mais fazer as minhas coisas, não saio de dentro da minha casa. Dependo do favor das pessoas", desabafa a paciente, que precisou abandonar o trabalho.

Ela relata que as dores são mais fortes na região lombar, irradiando para as pernas, que ficam pesadas. Quedas são frequentes, e seu joelho direito está constantemente inchado, dificultando ainda mais a locomoção.

Promessas não cumpridas e volta ao final da fila

A espera de Maria Cristina é marcada por frustrações. Em 2022, ela chegou a ser internada para realizar o procedimento, mas recebeu alta porque faltava uma placa essencial para a cirurgia. "Me deram alta falando que não tinha o equipamento", lembra.

Em outubro deste ano, uma nova esperança surgiu. A superintendência do hospital informou que o serviço necessário seria contratado por meio de uma licitação e prometeu a formalização de um contrato emergencial em até 40 dias. O prazo estabelecido terminou em 1º de dezembro, mas nenhuma ação concreta foi tomada até o momento.

Para agravar a situação, Maria Cristina afirma que foi orientada a se recadastrar no Sistema Estadual de Regulação (SER), o que a colocou novamente no final da fila de espera. "Voltei para o final da fila, infelizmente. E eu não sei mais o que eu faço", lamenta.

O que dizem as autoridades e o hospital

O Complexo Estadual de Regulação esclareceu que o Hospital de Bonsucesso deu alta para Maria no sistema em setembro e não comunicou oficialmente a situação da paciente à regulação. Atualmente, ela permanece na fila enquanto o órgão busca uma vaga adequada. O Complexo ressaltou que o hospital está habilitado para o tratamento e continua ofertando vagas.

Em contrapartida, a direção do Hospital Federal de Bonsucesso emitiu uma nota informando que a solicitação para contratação emergencial foi feita em 23 de outubro. O processo de licitação foi homologado na quinta-feira, dia 4 de dezembro. A unidade de saúde classificou o caso como complexo e estimou a conclusão do contrato para meados da próxima semana.

Após a formalização, o hospital se comprometeu a chamar a paciente para realizar os exames pré-operatórios e agendar a cirurgia o mais breve possível. Enquanto isso, Maria Cristina segue em sua luta diária contra a dor e a incerteza, um retrato da fragilidade enfrentada por muitos na fila por procedimentos essenciais no sistema público de saúde.