
Era pra ser só mais uma busca rotineira. Mas quando a polícia abriu aquele armário, deparou-se com centenas de ampolas de testosterona, seringas e comprimidos sem receita. Cena que se repete Brasil afora, mostrando como o uso de anabolizantes virou um problema que escapa do controle.
"É assustador", confessa um agente de saúde que prefere não se identificar. "Atendemos jovens de 17, 18 anos com problemas hepáticos graves. E o pior: muitos nem sabem o que estão tomando."
O mercado paralelo que cresce na sombra
Nas academias, o papo é sempre o mesmo: "Tem um cara que vende". A facilidade de acesso assusta. Enquanto isso, as farmácias de manipulação — algumas com alvará suspenso — continuam abastecendo esse comércio ilegal.
Dados do Conselho Federal de Farmácia revelam:
- Apreensões de anabolizantes cresceram 210% em 5 anos
- 60% dos usuários começam antes dos 21 anos
- 1 em cada 3 não faz acompanhamento médico
"É uma roleta-russa hormonal", dispara a endocrinologista Dra. Luísa Mendonça. Ela relata casos de pacientes com tumores no fígado e alterações cardíacas irreversíveis. "E o pior é que muitos só procuram ajuda quando já está tarde."
Quando a vaidade custa caro
Rafael (nome fictício), 24 anos, quase perdeu os rins por causa de um "ciclo" mal orientado. "Comprei na internet, seguindo dicas de fórum. Quase morri por causa de um abdômen definido", conta, visivelmente arrependido.
O problema? Muitos acham que os efeitos colaterais são mito. A realidade, porém, é bem diferente:
- Disfunção erétil em jovens
- Agressividade incontrolável
- Depressão profunda na abstinência
Nas delegacias, os casos se multiplicam. Desde brigas em academias até redes de falsificação de medicamentos. "Virou caso de polícia", admite um delegado da 12ª DP, que pediu para não ser identificado.
O que está sendo feito?
Enquanto isso, o Conselho Federal de Medicina tenta frear a onda:
- Campanhas de conscientização em redes sociais
- Fiscalização em farmácias de manipulação
- Parceria com conselhos de educação física
Mas será suficiente? Para especialistas, só uma ação conjunta entre saúde, educação e segurança pode reverter esse cenário preocupante. Enquanto isso, o preço da vaidade extrema continua sendo pago em UTIs e consultórios médicos.