Os acidentes envolvendo animais peçonhentos seguem como uma preocupação constante para a saúde pública no Amazonas. Dados oficiais da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP) revelam um cenário que demanda atenção, especialmente durante o ciclo das águas na região.
Números alarmantes no estado
Até o mês de dezembro de 2025, a fundação contabilizou 3.500 ocorrências relacionadas a animais peçonhentos em todo o território estadual. Desse total, mais da metade, exatamente 1.846 casos, foram provocados por serpentes, consolidando-as como os principais agentes causadores desses acidentes.
Outros animais também figuram nas estatísticas, com destaque para os escorpiões, responsáveis por 577 registros, e as aranhas, que aparecem em 412 notificações. Os dados reforçam a necessidade de campanhas contínuas de orientação à população.
Cheia dos rios amplia o risco
De acordo com os especialistas da FVS-RCP, o período de cheia dos rios representa um momento de risco elevado. As chuvas intensas e a subida do nível das águas perturbam o habitat natural desses animais, que são forçados a se deslocar em busca de novos abrigos e terrenos secos, aumentando assim a probabilidade de encontros com seres humanos.
A diretora-presidente da fundação, Tatyana Amorim, enfatiza a importância do monitoramento constante. “Monitorar os acidentes permite direcionar insumos, fortalecer equipes e promover condutas seguras para a população”, afirmou. Ela ressalta que o acompanhamento detalhado é a base para planejar ações eficazes de saúde.
Ações locais são decisivas
O diretor de vigilância ambiental da FVS-RCP, Elder Figueira, destacou o papel fundamental das secretarias municipais de saúde nesse contexto. “Cada notificação ajuda a mapear riscos e planejar ações educativas. O envolvimento das equipes locais é decisivo para proteger a população”, explicou Figueira. A integração entre estado e municípios se mostra essencial para uma resposta rápida e adequada.
Como se proteger de acidentes
A prevenção é a melhor estratégia para reduzir os números. A FVS-RCP recomenda uma série de medidas simples, porém eficazes, para minimizar os riscos, especialmente em áreas urbanas próximas a matas ou zonas rurais:
- Evitar o acúmulo de lixo, entulho ou materiais de construção próximos às residências.
- Manter quintais, jardins e terrenos sempre limpos e com a grama aparada.
- Utilizar calçados fechados e luvas de proteção durante atividades rurais, de jardinagem ou ao manusear materiais armazenados.
- Sacudir cuidadosamente roupas, toalhas, calçados e lençóis antes de usá-los.
- Vedar frestas, buracos em paredes, ralos e outros pontos que possam servir de entrada ou abrigo para animais.
A orientação final e mais crucial é buscar atendimento médico imediato em caso de picada ou acidente. A rapidez no socorro é fundamental para o sucesso do tratamento e a aplicação do soro antiveneno correto, quando necessário.
O tema ganhou ainda mais evidência após um taxista flagrar uma cobra tentando atravessar uma rodovia no interior do Amazonas, ilustrando como o deslocamento desses animais é uma realidade durante certas épocas do ano. A vigilância, portanto, deve ser mantida tanto no campo quanto nas cidades.