
Imagine acordar e descobrir que a luz do mundo se apagou para sempre. Foi exatamente isso que aconteceu com um advogado de 45 anos, uma das vítimas do surto de contaminação por metanol que está assombrando São Paulo. A vida dele virou de cabeça para baixo depois de uma noite que parecia comum.
"Perdemos a nossa base, o nosso porto seguro", desabafa a irmã, com a voz embargada pela dor. A família, que preferiu não se identificar, vive um pesadelo desde que o profissional - até então saudável e ativo - consumiu uma bebida adulterada durante uma festa.
O despertar mais sombrio
Não foi um despertar comum. Na verdade, foi o oposto completo do que qualquer ser humano espera ao abrir os olhos. A escuridão total, sem aviso prévio, sem explicação imediata. O susto, o pânico, a confusão absoluta.
O caso dele não está isolado, infelizmente. A Secretaria de Saúde do estado já confirmou pelo menos cinco ocorrências similares só nos últimos dias. Três pessoas não resistiram - um número que causa calafrios.
O perigo invisível nas bebidas
O metanol, ou álcool metílico, é uma substância traiçoeira. Barata para os fabricantes irregulares, mas com um custo humano altíssimo. A diferença entre uma dose segura e uma fatal é mínima, quase imperceptível.
Os sintomas começam enganosos: dor de cabeça, tontura, náusea. Mas o verdadeiro estrago acontece silenciosamente dentro do corpo. E quando a vítima percebe, já pode ser tarde demais.
Um futuro redesenhado
Para o advogado, a vida profissional que ele construiu ao longo de décadas agora precisa ser completamente repensada. Como exercer a advocacia sem a visão? Como ler processos, analisar documentos, enfrentar os tribunais?
"Ele era a nossa referência, a pessoa que sempre tinha as respostas", conta a irmã. "Agora somos nós que precisamos guiá-lo por um mundo que se tornou escuro."
Alerta máximo na capital paulista
As autoridades estão em estado de alerta, mas a população precisa redobrar a atenção. Bebidas de origem duvidosa, preços suspeitosamente baixos, embalagens irregulares - tudo isso deve acender o sinal vermelho.
O que mais assusta é a aleatoriedade da tragédia. Pode acontecer com qualquer um, em qualquer lugar. Uma festa de aniversário, um happy hour com colegas, uma comemoração familiar.
Enquanto as investigações correm para encontrar a origem desses produtos mortais, famílias como a do advogado tentam se reconstruir. A perda da visão é apenas uma parte do preço pago - o trauma psicológico, a reviravolta financeira, a dor da injustiça completam o quadro devastador.
São Paulo nunca pareceu tão perigosa para quem quer apenas brindar à vida. Ironia cruel: a mesma bebida que deveria celebrar a existência agora a destrói.