Acordo histórico nos EUA promete revolucionar acesso a medicamentos para obesidade
Os Estados Unidos realizaram um marco na política de saúde ao firmar acordos separados com as farmacêuticas Eli Lilly e Novo Nordisk para reduzir significativamente os preços dos medicamentos Mounjaro e Ozempic. A medida, anunciada na última semana de novembro de 2025, tem como objetivo ampliar o acesso ao tratamento da obesidade e condições relacionadas.
Segundo o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, pesquisador da USP de Ribeirão Preto, "esses acordos representam uma mudança profunda na política de saúde americana", abrindo caminho para que milhões tenham acesso subsidiado a terapias inovadoras.
Detalhes do acordo com a Eli Lilly
A partir de abril de 2026, os beneficiários do Medicare – sistema de saúde americano para pessoas com doenças crônicas e idosos – pagarão no máximo US$ 50 por mês (cerca de R$ 260) por medicamentos como Mounjaro e a orforgliprona (pílula em fase de aprovação). Atualmente, esses valores podem ultrapassar US$ 1.000 mensais.
A empresa também criou um canal alternativo de compra direta através de uma plataforma digital, onde pacientes poderão adquirir os medicamentos com descontos de 50% a 60% em relação aos preços de mercado, sem necessidade de mediação de seguros de saúde.
Novo Nordisk também reduz preços
A dinamarquesa Novo Nordisk anunciou acordo similar no mesmo dia, focando na redução de preços dos medicamentos à base de semaglutida, como Wegovy e Ozempic. O principal foco será a inclusão desses medicamentos em um projeto-piloto do Medicare, além de oferecer descontos no canal de compra direta.
O CEO da empresa, Mike Doustdar, destacou que o acordo reflete um "compromisso social de longo prazo" para garantir que mais pessoas com obesidade tenham acesso ao tratamento adequado.
Impacto na saúde pública americana
Os acordos foram considerados históricos por especialistas por reconhecer a obesidade como doença crônica com grandes impactos na saúde pública. O governo americano reconheceu que o excesso de peso está por trás do desenvolvimento de diabetes, hipertensão, infarto, AVC, Alzheimer e alguns tipos de câncer.
Em troca da redução de preços, ambas as farmacêuticas receberão três anos de isenção tarifária nos Estados Unidos. Espera-se que, no longo prazo, o tratamento efetivo resulte em redução de hospitalizações e mortes, além de economia de bilhões em gastos públicos e privados.
E no Brasil? Conversas em andamento
Segundo informações exclusivas, ambas as multinacionais estão em diálogo com o governo brasileiro. A Novo Nordisk firmou parceria com o laboratório nacional Eurofarma para disponibilizar novas marcas de canetas injetáveis de semaglutida com preços reduzidos ainda em 2025.
Já a Eli Lilly informa estar em conversas com tomadores de decisão, apresentando soluções proativas para aumentar o acesso dos pacientes a medicamentos como o Mounjaro. No entanto, não há previsão de acordo similar ao americano no Brasil nem de incorporação desses medicamentos no SUS.
Como analisa o Dr. Couri, "se pensarmos no tamanho que a obesidade está tomando no país, medidas desse tipo seriam ótimas notícias", destacando o potencial impacto positivo que acordos similares poderiam ter na saúde pública brasileira.