Tragédia familiar abala a política paulista
Em um depoimento emocionante durante o velório do ex-deputado Paulo Frateschi na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), sua filha Yara Frateschi defendeu publicamente o irmão Francisco, autor do crime que tirou a vida do pai. A cerimônia ocorreu na sexta-feira (7) e reuniu personalidades políticas importantes, incluindo ministros do governo Lula.
"Meu irmão não é um monstro"
Com voz embargada pela dor, Yara Frateschi fez questão de esclarecer que seu irmão sofre de distúrbios psiquiátricos graves e não tinha consciência de seus atos. "É uma doença psíquica e a gente precisa saber lidar com isso. Ele [meu irmão] não é um monstro. Por isso, estamos sofrendo uma dor imensa", declarou a filha do ex-parlamentar.
Yara explicou que os problemas mentais de Francisco têm origem em uma série de tragédias familiares. Dois irmãos mais novos faleceram em acidentes de carro - Pedro, de 7 anos, em 2002, e Júlio, de 16 anos, em 2003. O próprio Francisco sofreu um grave acidente automobilístico em 2015, que deixou sequelas físicas e psicológicas.
Histórico de sofrimento familiar
"Francisco Frateschi é um menino maravilhoso. O Chico nunca levantou a voz para uma pessoa. Ele nunca bateu numa pessoa. Por onde o Chico passou, ele levou alegria, amor", descreveu Yara sobre o irmão. Ela enfatizou o carinho imensurável que Francisco tinha pelo pai e a dedicação dos pais nos cuidados com o filho após seu acidente.
O acidente de 2015 deixou uma das pernas de Francisco mais curta que a outra, obrigando-o a usar muletas para se locomover. Segundo amigos próximos da família, ele passou por diversas cirurgias ao longo dos últimos anos para tratar das sequelas do trauma.
Consequências imediatas do crime
Atualmente, Francisco está internado e inconsciente após cometer o crime contra o próprio pai. Já sua mãe, Iolanda Frateschi, que presenciou toda a tragédia e foi atingida pelo filho durante o surto, continua hospitalizada com um deslocamento no ombro e precisará passar por cirurgia.
Iolanda teve autorização médica para deixar temporariamente o hospital e comparecer ao velório do marido na Alesp, demonstrando a união familiar mesmo em meio à dor extrema.
Legado político e homenagens
Paulo Frateschi era amigo pessoal do presidente Lula e figura ativa no PT paulista, tendo sido presidente estadual do partido. Sua morte repercutiu intensamente entre colegas políticos e aliados.
O Partido dos Trabalhadores emitiu nota oficial lamentando profundamente a perta do "companheiro e dedicado militante". O texto destacou que Frateschi deixa um legado marcado pela luta pela justiça e inclusão.
Entre as personalidades que prestaram homenagens estavam Fernando Haddad, ministro da Fazenda, Luiz Marinho, ministro do Trabalho, e o ex-ministro José Dirceu, todos enfatizando a coragem e o compromisso público do ex-deputado.
Yara Frateschi finalizou seu emocionado depoimento reforçando que seu irmão "está doente e não sabe o que fez", pedindo compreensão da sociedade perante a complexidade das doenças mentais e evitando julgamentos precipitados sobre a tragédia familiar.
