
A realidade está pesada para quem depende dos medicamentos controlados em Piracicaba. Um silêncio preocupante toma conta das prateleiras das Farmácias Populares — justamente onde estão os remédios essenciais para tratamento de esquizofrenia.
Imagine só: você precisa de um comprimido para manter sua mente estável, sua vida nos eixos. Chega na farmácia e... nada. Vazio. Desespero. É isso que centenas de pacientes enfrentam hoje na cidade.
O Sumiço que Preocupa
Os medicamentos antipsicóticos simplesmente desapareceram. Sumiram do mapa. E não estamos falando de qualquer remédio — são aqueles que impedem as crises, que mantêm a lucidez, que permitem uma vida minimamente normal.
"É como se tivessem puxado o tapete debaixo dos meus pés", desabafa um paciente que prefere não se identificar. O medo é real, palpável. Sem a medicação, os sintomas voltam com força total: vozes, paranoias, a realidade se distorcendo.
Efeito Dominó na Saúde Mental
O que acontece quando o tratamento é interrompido? Bom, a coisa desanda rápido. Os profissionais de saúde já observam o padrão:
- Primeiro vem a ansiedade — "e se acabar?"
- Depois o descontrole dos sintomas
- As internações hospitalares disparam
- As famílias entram em colapso junto
É um efeito cascata devastador. E o pior? Todo mundo vê chegando, mas ninguém consegue frear.
O Desabafo dos que Dependem
Conversando com alguns pacientes, a angústia é unânime. "Minha vida parou", conta Maria (nome fictício), que trata esquizofrenia há dez anos. "Voltei a ouvir coisas, a ter medo de sair de casa. Tudo porque não consegui meu remédio."
Outro relato corta o coração: "Parece que a gente não importa. Somos invisíveis até precisarmos do que é mais básico: nossa medicação."
E Agora, José?
Enquanto isso, as Farmácias Populares se limitam a dizer que "estão tentando resolver". Mas o tempo corre contra — cada dia sem medicamento é um risco aumentado de crise, de sofrimento, de regressão no tratamento.
Os CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da cidade estão sobrecarregados. Os profissionais fazem malabarismos para conseguir alternativas, mas a verdade é que não existem substitutos perfeitos.
Piracicaba vive, neste momento, uma emergência silenciosa. Enquanto a burocracia roda, vidas estão suspensas na corda bamba da falta de um comprimido. Alguém tem que responder por isso — e rápido.