Neurocientista revela como equilibrar 4 neurotransmissores para mais felicidade
Como equilibrar neurotransmissores e ser mais feliz

O que determina nosso humor, energia e sensação de felicidade? Segundo a neurociência, quatro moléculas desempenham um papel central: dopamina, ocitocina, serotonina e endorfina. Em seu novo livro, o psicólogo e neurocientista britânico TJ Power desvenda como nosso estilo de vida moderno desequilibra esses mensageiros químicos e propõe um método prático para reconquistar o bem-estar físico e mental.

Os quatro pilares químicos do bem-estar

Publicado pela HarperCollins Brasil, o livro A Dose Certa foca nos neurotransmissores que são fundamentais para nossa experiência de vida. A dopamina está ligada à motivação e recompensa; a ocitocina, ao vínculo social e ao amor; a serotonina, à satisfação e ao humor; e a endorfina, ao alívio da dor e ao prazer após esforços.

Power argumenta que nossos hábitos cotidianos interferem drasticamente na liberação dessas substâncias. O excesso de tempo nas redes sociais, por exemplo, cria uma montanha-russa de dopamina, nos tornando reféns de recompensas instantâneas e vazias. Por outro lado, encontros presenciais com amigos e familiares promovem a ocitocina, a prática de exercícios libera endorfina, e a conclusão de tarefas significativas eleva a serotonina.

O grande desequilíbrio moderno: falta de ocitocina

Em entrevista, o neurocientista faz um alerta: embora a dopamina seja frequentemente a mais comentada, é a deficiência de ocitocina que está alimentando uma epidemia contemporânea de solidão, ansiedade e desconexão social.

"Nossos cérebros estão inundados de dopamina das redes sociais, alimentos processados e notificações. O problema é que otimizamos nossas vidas para recompensas rápidas de dopamina, enquanto nos privamos da ocitocina, liberada por toque, contato visual e conversas profundas", explica Power. "Trocamos relacionamentos reais pelas calorias vazias da estimulação digital."

Telas: o obstáculo, não o inimigo

Power evita demonizar a tecnologia, mas aponta que nossos hábitos digitais se tornaram o maior obstáculo para os comportamentos que protegem a saúde. Cada hora diante de uma tela é uma hora a menos para movimento, conexão humana verdadeira, contato com a natureza ou sono de qualidade.

"Nossos ancestrais viviam de um modo que otimizava naturalmente esses quatro neurotransmissores. A vida moderna, especialmente nossa relação com as telas, interrompeu esse equilíbrio de forma mais drástica do que qualquer outra coisa na história", afirma o pesquisador.

O remédio está no estilo de vida, não apenas em pílulas

A solução apresentada por TJ Power não está em medicamentos ou suplementos milagrosos, embora ele ressalte a importância do acompanhamento médico quando necessário. O cerne do seu método é a reconexão com comportamentos essenciais para os quais nosso cérebro evoluiu.

O plano envolve ações concretas e acessíveis:

  • Vida ao ar livre e banhos de sol para aumentar a serotonina.
  • Movimento físico regular para liberar endorfina.
  • Encontros presenciais e conversas profundas para estimular a ocitocina.
  • Estabelecimento e conquista de metas significativas para modular a dopamina de forma saudável.

Uma dica prática do autor é transformar a natureza no cenário das interações sociais. "Quando encontrar um amigo, dê um passeio no parque em vez de sentar em um café. Deixe o celular, observe as árvores, sinta o sol. Combine natureza com conexão humana genuína e você potencializará vários neurotransmissores de uma vez", sugere.

Nunca é tarde para mudar a química cerebral

Questionado se décadas de maus hábitos podem ser revertidas, Power é enfático: sim, nunca é tarde. Baseado em sua própria experiência pessoal e na neurociência, ele afirma que o cérebro mantém sua plasticidade ao longo de toda a vida.

"Você pode formar novas conexões neurais em qualquer idade. O cérebro quer se curar. Quando você começa a dar a ele o que realmente precisa – conexão genuína, movimento, propósito – ele responde de forma surpreendentemente rápida. Melhoras no humor e na energia podem ser percebidas em poucos dias", assegura.

A obra A Dose Certa, lançada em dezembro de 2025, serve como um guia para quem busca substituir a busca por soluções rápidas pela construção de uma rotina que respeita a biologia humana, promovendo um equilíbrio neuroquímico que é a base de uma vida mais feliz e saudável.