
Parece que a tal 'melhor idade' está ficando cada vez mais amarga para muitos brasileiros. E não, não é só conversa de quem gosta de reclamar. Os números gritam - e alto.
Um levantamento recente, daqueles que dão nó no estômago, mostrou que os casos de autolesão entre pessoas acima dos 50 anos simplesmente explodiram. Estamos falando de um aumento de 348% em pouco mais de uma década. Sim, você leu certo: quase três vezes e meia mais gente machucando a si mesma.
O que está acontecendo com nossa geração prateada?
Os especialistas, coitados, tentam explicar esse fenômeno terrível. E as razões são várias, mas todas convergem para um ponto: o abandono. A solidão que corrói por dentro, silenciosamente.
"É como se a sociedade tivesse colocado nossos idosos numa prateleira e esquecido deles", me disse uma psicóloga que prefere não se identificar. Ela tem razão - quantos de nós realmente paramos para conversar com aqueles tios e avós que parecem 'só' reclamativos?
As causas por trás dos números
- Solidão crônica: Filhos crescidos, amigos falecidos, a casa que ficou grande demais
- Crises financeiras: Aposentadoria que não dá mais conta do básico
- Lutos acumulados: Perder o cônjuge, a saúde, a autonomia
- Diagnósticos tardios: Depressão na terceira idade ainda é subestimada
E tem mais - muito mais. A pandemia, aquela maldita, piorou tudo. Isolou ainda mais quem já estava isolado. Criou abismos onde antes eram apenas lacunas.
O perfil que surpreende
Aqui vai uma informação que pode chocar: as mulheres brancas são as que mais aparecem nas estatísticas. Diferente do que se imagina quando pensamos em automutilação - geralmente associada a adolescentes.
Mas por quê? Talvez porque elas internalizem mais a dor. Ou porque, culturalmente, foram ensinadas a sofrer em silêncio. É complicado, né?
E não pense que é só nas grandes metrópoles. O interior também sofre, e muito. Às vezes até mais, pela falta de acesso a serviços especializados.
O que podemos fazer?
- Observar os sinais: Mudanças de comportamento, marcas inexplicáveis, isolamento excessivo
- Conversar sem julgamento: Às vezes, o simples ato de ouvir já salva vidas
- Buscar ajuda profissional: CAPS, CVV e unidades básicas de saúde podem ajudar
- Incluir os mais velhos: Convites para almoços, ligações regulares, visitas
Parece pouco? Pode ter certeza que não é. Na verdade, são essas pequenas ações que constroem redes de proteção. E redes salvam - literalmente.
O que me preocupa, francamente, é que estamos diante de um problema que tende a piorar. A população envelhece, as famílias diminuem, o custo de vida aumenta. É uma tempestade perfeita para a saúde mental.
Mas calma, não é para desesperar. A conscientização é o primeiro passo. Falar sobre o assunto, quebrar tabus, entender que sofrimento psicológico não é 'frescura de velho'. É real, dói e precisa de atenção.
No fim das contas, talvez a lição seja simples: envelhecer não é para os fracos. E cabe a todos nós tornar essa jornada um pouco menos solitária.