Queda na vacinação infantil preocupa médicos no litoral de SP
Vacinação infantil abaixo de 50% preocupa no litoral

A queda alarmante nos índices de vacinação infantil tem gerado preocupação entre profissionais de saúde no litoral paulista, com reflexos diretos no aumento de internações por doenças que poderiam ser prevenidas. Segundo a pediatra Bruna Giacomelli Moraes, chefe do setor de pediatria da Santa Casa de Santos, a cobertura vacinal que antes chegava perto de 90% hoje está abaixo de 50%.

Doenças em alta na região

Em entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo, a médica destacou que tanto a meningite quanto a influenza estão apresentando crescimento preocupante na região. A influenza, popularmente conhecida como gripe, tem se manifestado fora de época, aumentando significativamente a demanda por atendimento hospitalar.

Bruna alerta para os sintomas da meningite, que incluem febre alta persistente, vômito, dor e rigidez na nuca, além de mal-estar e prostração. A identificação precoce desses sinais é crucial para o tratamento adequado.

Medidas simples de prevenção

Além da vacinação, a pediatra recomenda medidas básicas para reduzir a transmissão de doenças: lavar bem as mãos com frequência, evitar enviar crianças doentes à escola, manter ambientes ventilados e oferecer alimentação saudável para fortalecer o sistema imunológico.

"Vacina salva muitas vidas e não são só as crianças, né? Os idosos, gestantes, que às vezes como uma população que não pode vacinar, a gente pode cuidar também", reforçou Bruna durante a entrevista.

Entendendo a meningite tipo C

A meningite bacteriana do tipo C, responsável pela morte de Milena do Nascimento Alvarenga, de 11 anos, em Praia Grande, é uma inflamação das meninges - membranas que envolvem o cérebro, cerebelo e medula espinhal. A aluna da rede municipal faleceu após internação no Hospital Irmã Dulce, onde era monitorada pela Vigilância Epidemiológica.

O infectologista Leandro Curi explica que pessoas vacinadas ainda podem contrair meningite, assim como ocorre com covid-19 e catapora, mas com quadros consideravelmente mais leves. "Com diminuição da necessidade de internação, de sintomas e, consequentemente, diminuição de mortalidade", afirmou o especialista.

Segundo ele, a doença pode levar à morte em poucas horas ou dias quando não diagnosticada e tratada rapidamente. A meningite pode ser causada por bactérias, vírus, fungos, medicamentos ou doenças autoimunes, sendo as formas viral e bacteriana as transmissíveis.

Curi detalha que a bactéria mais comum é a Neisseria meningitidis, conhecida como meningococo, dividida em subtipos como A, B, C, W e Y. "São mais ou menos prevalentes em uma região e podem ser mais ou menos virulentos, podem ser mais ou menos infecciosos", explicou.

O imunizante contra a doença integra o calendário nacional de vacinação, estando disponível gratuitamente no SUS para a população-alvo.