O Ministério da Saúde deu início, nesta semana, a uma campanha nacional de vacinação contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). A iniciativa do Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a imunização de forma gratuita para gestantes, um avanço significativo considerando que o custo na rede privada ultrapassa R$ 1.500.
Proteção para os primeiros meses de vida
A vacina é aplicada em dose única a partir da 28ª semana de gestação. O mecanismo de proteção é baseado na transferência de anticorpos da mãe para o bebê ainda na barriga, garantindo defesas contra o VSR durante os primeiros seis meses de vida do recém-nascido. Essa estratégia é crucial para prevenir doenças graves como bronquiolite e pneumonia.
"A gente espera que com as mães se vacinando esse ano, com o início da temporada do vírus sincicial respiratório, que começa por volta de março, a gente observe um número de hospitalizações muito menor", afirma Tatiana Portella, pesquisadora da Fiocruz.
Impacto na saúde infantil
Os dados revelam a urgência da campanha. O VSR é responsável por 75% dos casos de bronquiolite e por 40% dos casos de pneumonia em crianças com menos de dois anos. Até o final de novembro, o Brasil já havia registrado mais de 218 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), um aumento de quase 30% em relação ao mesmo período do ano anterior. Desse total, aproximadamente 44 mil casos foram causados pelo VSR, sendo que mais de 80% das hospitalizações ocorreram em menores de dois anos.
A aplicação da vacina contra o VSR pode ser feita simultaneamente com outras imunizações do calendário, como as vacinas contra influenza, COVID-19 e DTPa (tríplice bacteriana acelular).
Relatos que reforçam a importância da vacina
Histórias pessoais ilustram o drama que a doença pode causar. Marina Pilotto, que foi se vacinar no Rio de Janeiro, comenta: "A gente tem vários casos próximos de crianças que tiveram bronquiolite, ficaram entubadas". Já Vanessa, também imunizada, revela o susto que passou na família: "Tenho um sobrinho de sete meses que quase morreu de bronquiolite, há três, quatro meses atrás. Estava bem nervosa".
Em São Paulo, no primeiro dia da campanha, a auxiliar de expedição Daniele da Silva não perdeu tempo. "Eu tava muito preocupada porque minha filha tem bronquiolite. Eu sofro com ela até hoje, ela tem asma... então, quando falaram que gestante ia poder tomar, eu fiquei desesperada atrás por causa da minha filha", explica.
Um marco para a saúde pública
A disponibilização da vacina pelo SUS é celebrada como uma conquista para a equidade no acesso à saúde. Juliana Cezar ressalta: "Nem todo mundo tem condições de tomar no particular, então isso é um marco, a gente acredita que vai ser fundamental pra esses bebês que estão chegando".
A pesquisadora Tatiana Portella faz um alerta importante sobre o objetivo da imunização: "É fundamental que as pessoas se vacinem. A vacina não impede necessariamente a pessoa de se infectar por esses vírus, mas ela protege justamente para que a pessoa não evolua para casos mais graves ou que vá a óbito".
A campanha representa um esforço nacional para reduzir a carga hospitalar e proteger a população mais vulnerável contra um dos principais agentes de infecções respiratórias graves na primeira infância.