O estado do Acre deu início, na última quinta-feira (4), à vacinação de gestantes contra o vírus sincicial respiratório (VSR) pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A campanha começou após a chegada das primeiras 3,8 mil doses enviadas pelo Ministério da Saúde, integrando o imunizante ao Calendário Nacional da Gestante.
Como funciona a vacinação no estado
A aplicação da vacina contra o VSR já está ocorrendo em todas as 242 salas de vacina do Acre, sem restrição de horário dentro do expediente normal. A recomendação é para mulheres a partir da 28ª semana de gestação, que devem procurar a unidade de saúde mais próxima para receber a dose única.
Renata Quiles, coordenadora do Núcleo de Imunizações da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), explicou a importância da medida. “O VSR é o segundo maior causador de internação grave e óbito em recém-nascidos. Nosso estado registra muitos casos no período sazonal, e essa é a primeira vez que essa vacina é incorporada ao SUS”, afirmou.
Ela reforçou que o lote recebido é suficiente para atender as gestantes no período recomendado e que a imunização estará disponível ao longo de todo o ano. “Não vai faltar imunobiológico”, garantiu.
Proteção para os recém-nascidos
A vacina tem como principal objetivo proteger os bebês nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade. Os anticorpos são transferidos da mãe para o feto via placenta, oferecendo uma proteção imediata ao recém-nascido contra as formas graves da infecção.
Além da rede básica, as maternidades de Rio Branco e Cruzeiro do Sul também iniciaram a aplicação. A orientação é que as equipes vacinem até mesmo as gestantes internadas, sem aguardar demanda espontânea, para garantir que os anticorpos sejam produzidos a tempo do parto.
Samira Parente, servidora pública municipal, foi a primeira gestante imunizada no estado. “Me sinto privilegiada. É um cuidado extra que a criança tem, uma oportunidade de ser imunizada desde o ventre”, relatou.
Alerta para outras vacinas do pré-natal
Renata Quiles aproveitou para alertar sobre a baixa cobertura de outras imunizações importantes no pré-natal. “Temos influenza, covid-19 e a dTpa, que protege contra difteria, tétano e coqueluche. A coqueluche voltou a ser registrada no Acre e as coberturas são ruins. Não foquem apenas na novidade. Atualizar todas as vacinas é fundamental”, destacou.
O VSR é responsável por 75% dos casos de bronquiolite e por 40% das pneumonias em crianças menores de dois anos. A doença, que tem pico entre abril e julho, pode ocorrer em qualquer época do ano e representa um risco maior para bebês com menos de seis meses.
O lote recebido pelo Acre faz parte do primeiro envio nacional de 673 mil doses pelo governo federal. O Ministério da Saúde investiu R$ 1,17 bilhão na estratégia e prevê a compra de mais 4,2 milhões de doses até 2027, com meta de atingir 80% de cobertura entre as gestantes brasileiras.