O Piauí deu um passo importante na proteção de recém-nascidos contra uma das principais causas de infecções respiratórias graves. Nesta quinta-feira, 4 de janeiro, o estado recebeu o primeiro lote da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), destinado a gestantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Distribuição das doses para todo o estado
O carregamento inicial contém 11.170 doses do imunizante, enviado pelo Ministério da Saúde. A estratégia de imunização tem foco em gestantes a partir da 28ª semana de gravidez, independentemente da idade da mãe. A vacinação oferece proteção indireta aos bebês, reduzindo drasticamente os riscos nos primeiros meses de vida.
Do total recebido, 2.600 doses foram alocadas para a capital, Teresina. As demais 8.570 doses serão distribuídas para os outros 223 municípios piauienses, garantindo que a cobertura vacinal alcance todo o território estadual. Com a chegada do lote, os postos de saúde em todos os municípios já podem iniciar a aplicação das vacinas.
Um avanço para a saúde pública brasileira
A incorporação desta vacina no SUS representa um marco, considerando que na rede privada o imunizante pode custar até R$ 1.500 por dose. A oferta pública foi viabilizada por um acordo entre o Instituto Butantan e o laboratório produtor internacional, que incluiu a transferência de tecnologia para o Brasil.
Com isso, o país ganha autonomia e passará a fabricar o imunizante nacionalmente, ampliando o acesso da população a essa proteção essencial. A vacina pode ser administrada simultaneamente com outras, como as da influenza e da covid-19, conforme comprovado por estudos clínicos.
Impacto do VSR e importância da vacinação
O Vírus Sincicial Respiratório é um agente de grande impacto na saúde infantil. Ele é responsável por aproximadamente 75% dos casos de bronquiolite e 40% dos casos de pneumonia em crianças com menos de dois anos. A vacinação materna se mostra uma ferramenta eficaz para mudar esse cenário.
O Estudo Matisse demonstrou que a imunização das gestantes tem uma eficácia de 81,8% na prevenção de doenças respiratórias graves causadas pelo VSR nos bebês durante os críticos primeiros 90 dias após o nascimento.
Os dados epidemiológicos reforçam a urgência da medida. Até 22 de novembro de 2025, o Brasil registrou 43,2 mil casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causados por VSR. A faixa etária mais afetada foi a de crianças menores de dois anos, com mais de 35,5 mil hospitalizações, o que representa 82,5% do total de casos graves.
Como a bronquiolite é majoritariamente de origem viral, não existe um tratamento medicamentoso específico. O manejo clínico se baseia no suporte dos sintomas, que pode incluir oxigenoterapia, hidratação e uso de broncodilatadores, tornando a prevenção através da vacina uma estratégia ainda mais valiosa.
Orientações para as gestantes
O grupo prioritário para receber a vacina são todas as gestantes a partir da 28ª semana de gestação. A recomendação é de uma dose única a cada nova gravidez. O Ministério da Saúde orienta que, com a chegada das doses às Unidades Básicas de Saúde (UBS), as equipes verifiquem e atualizem também a situação vacinal das gestantes para outras doenças.
A iniciativa no Piauí marca o início de uma campanha nacional que promete reduzir significativamente as hospitalizações e complicações por VSR, protegendo os bebês desde os seus primeiros momentos de vida através da imunização das mães.