Uma emocionante história de superação e humanização marcou a vida da pequena Manuela, moradora de Flecheiras, no Trairi. A menina, que enfrenta uma cardiopatia congênita complexa desde bebê, realizou finalmente o sonho de ir ao cinema pela primeira vez, graças a uma iniciativa do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) em Fortaleza.
O sonho especial após longa internação
Manuela estava internada há mais de 50 dias no Hias quando a equipe do hospital articulou a realização de seu grande desejo. A menina, que precisou passar por sua primeira cirurgia cardíaca ainda bebê, mantinha o acompanhamento contínuo na instituição, mas nunca havia tido a oportunidade de viver a experiência de assistir a um filme no cinema.
A surpresa preparada pela equipe do Hias foi além das expectativas. Ao chegar ao shopping, Manuela foi recebida por 17 familiares que haviam viajado especialmente de Flecheiras, localizada a 139,5 km de Fortaleza, para compartilhar aquele momento especial. Entre os presentes estavam seus pais, irmãs, primos e tios, todos ansiosos pelo reencontro.
Cardiopatia complexa e tratamento contínuo
Manuela nasceu com uma condição cardíaca rara e complexa: atresia pulmonar com comunicação interventricular. Esta condição dificulta significativamente a circulação sanguínea entre o coração e os pulmões, exigindo acompanhamento médico constante.
Nos últimos meses, a situação da menina se complicou ainda mais. Após duas internações anteriores em 2025, ela retornou ao Hias em setembro para tratar um abscesso cerebral, uma infecção localizada no cérebro que demandou atenção médica especializada.
Apesar dos desafios de saúde, a mãe Antônia Sena, de 43 anos, descreve a filha como uma criança cheia de vida. "Ainda bebê, minha filha passou por uma cirurgia e, desde então, vive sob acompanhamento. Mesmo assim, quem convive com ela logo percebe que a Manu carrega uma luz própria. Ela brinca, conversa, faz planos, gosta de rir e de sonhar", relata a mãe emocionada.
Abordagem humanizada no tratamento
A equipe médica do Hias adota uma postura centrada no paciente, com foco especial na preservação da infância mesmo durante o tratamento. A intensivista e paliativista Cinara Carneiro explica que o quadro de Manuela é delicado e traz riscos importantes, mas o cuidado vai além dos aspectos clínicos.
"É uma honra cuidar do corpo e da alma dessa pequena", afirma a médica, destacando que o controle dos sintomas e a garantia de dignidade e conforto são prioridades no tratamento.
O psicólogo Luiz Augusto reforça a importância dessa abordagem: "Preservar a infância é uma parte essencial do tratamento. Além de medicações e procedimentos, é fundamental assegurar que essas crianças continuem vivendo experiências próprias da idade".
A pediatra Sara Farias, que acompanhou Manuela durante a internação, complementa: "Mesmo sem um caminho totalmente curativo, ela vive uma vida cheia de sentido. É alegre, brincalhona, cheia de vida. Concluiu o tratamento antibiótico, está com menos sintomas e merece, como qualquer criança, viver experiências pela primeira vez".
O momento no cinema tornou-se mais do que a realização de um sonho infantil. Como descreveu Antônia Sena: "No escuro da sala, enquanto o filme passava, a gente viu algo maior acontecer. Nossa família é grande e unida, todos amam minha menina. Estou feliz de ir para casa com ela depois de realizar um grande sonho".
A iniciativa do Hias demonstra como ações de humanização podem transformar a experiência hospitalar, proporcionando momentos de alegria e normalidade para crianças que enfrentam desafios de saúde significativos.