
A gente até tenta acreditar que o sistema funciona, mas aí uma tragédia dessas vem e escancara tudo. A morte do pequeno Moisés, de apenas cinco anos, não é só mais uma notícia triste no jornal. Ela é o retrato de um descaso que vem de longe, um grito de alerta que o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) finalmente resolveu dar.
O que aconteceu? Bom, a gente se pergunta como uma coisa dessas ainda pode acontecer. O menino morreu num acidente doméstico, algo que talvez—e a palavra é talvez—pudesse ter sido evitado se a rede de proteção estivesse funcionando como deveria. Mas não está. E o MPSC, num movimento raro de transparência, soltou um documento que é praticamente uma bomba: Florianópolis, a capital bonita de praias e tecnologia, está falhando feio com suas crianças.
Um Déficit que Assusta
A lei é clara: uma cidade do tamanho de Florianópolis, com seus mais de 600 mil habitantes, precisa de nove conselhos tutelares. Nove. Sabe quantos têm hoje? Apenas três. Três conselhos para cobrir uma área gigante, com realidades sociais tão distintas quanto as da Lagoa da Conceição e dos morros. É matemática pura: a conta não fecha. Os conselheiros existentes estão sobrecarregados, as demandas se acumulam e casos sérios, como o de Moisés, podem estar escapando pelos buracos dessa rede esgarçada.
O promotor Luciano Silva, que parece estar realmente puto com a situação, não usou meias-palavras. Ele basicamente disse que a prefeitura ignorou recomendações anteriores do MPSC e que agora a falta de ação está custando vidas. É forte. É direto. E é a mais pura verdade.
E Agora, o que Fazer?
O MPSC não se limitou a apontar o problema. Ele deu um prazo: 30 dias. A prefeitura tem um mês para apresentar um plano concreto de como vai criar e instalar esses seis conselhos tutelares que faltam. Trinta dias para começar a corrigir anos de negligência. A pressão, agora, é pública e judicial.
Enquanto isso, fica aquele questionamento angustiante: quantas outras crianças estão invisíveis nesse sistema falho? Quantos outros Moisés não estão recebendo a atenção que precisariam porque não há gente suficiente para enxergá-los? A história do Moisés virou estatística, mas ela deveria ser um divisor de águas. O que a gente escolhe fazer daqui pra frente é que vai definir se essa foi só mais uma manchete ou o ponto de virada.
Florianópolis pode ser uma ilha, mas a responsabilidade com suas crianças não pode ficar isolada. Esperança é a gente ter, mas cobrança também.