Caso Benício: Médica demonstrou indiferença em morte de criança, diz polícia
Médica teve indiferença em morte de Benício, de 6 anos

Caso Benício: A tragédia que chocou Manaus

A Polícia Civil do Amazonas revelou detalhes estarrecedores sobre o caso da morte do menino Benício, de apenas 6 anos, após receber uma dose de adrenalina em um hospital de Manaus. Segundo as investigações, a médica envolvida no atendimento demonstrou "indiferença e desprezo" quando a criança começou a passar mal.

O desenrolar da tragédia

Bentício foi levado ao hospital pelo pai, Bruno Freitas, apresentando tosse seca e suspeita de laringite. A médica prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa de 3 ml a cada 30 minutos.

A família ficou preocupada ao ver a prescrição. "Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização", relatou o pai. A própria técnica de enfermagem confessou nunca ter aplicado o medicamento por via intravenosa, mas seguiu a prescrição médica.

Atendimento negligente e consequências fatais

Imediatamente após a primeira aplicação, o estado de Benício piorou drasticamente. A técnica de enfermagem chamou a médica, mas ela não demonstrou urgência em prestar socorro, segundo testemunhas.

O delegado Marcelo Martins, titular do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), foi enfático: "Esse comportamento evidencia desprezo pela vida da vítima". A polícia investiga o caso como homicídio doloso qualificado, com indícios de dolo eventual - quando o agente assume o risco de provocar o resultado.

Sequência de paradas cardíacas e morte

Documentos hospitalares e depoimentos confirmam que a criança sofreu seis paradas cardíacas antes de morrer. Após a reação adversa, Benício foi levado para a sala vermelha, onde sua oxigenação caiu para 75%.

Transferido para a UTI, seu quadro continuou a se agravar. Por volta das 23h, durante a intubação, ocorreram as primeiras paradas cardíacas. O menino não resistiu e morreu às 2h55 do domingo.

Versões conflitantes e investigação

A defesa da médica nega as acusações, afirmando que ela prestou atendimento imediato e solicitou um antídoto para reverter o quadro. No entanto, médicos ouvidos na investigação contestam essa versão, explicando que não existe medicação capaz de neutralizar uma overdose de adrenalina.

Ambas as profissionais envolvidas - a médica e a técnica de enfermagem - foram afastadas das atividades. A investigação deve ser concluída em até 30 dias.

O luto e o pedido por justiça

Bentício faria 7 anos no Natal. Seu pai desabafou: "Queremos justiça pelo Benício e que nenhuma outra família passe pelo que estamos vivendo. O que a gente quer é que isso nunca mais aconteça".

A família espera que a tragédia sirva de alerta para que protocolos de segurança sejam reforçados nos hospitais brasileiros, evitando que outras crianças tenham o mesmo destino.