
O que deveria ser um momento de celebração transformou-se em luto em Arapiraca. Uma adolescente de 17 anos, portadora de anemia falciforme — aquela doença do sangue que teima em complicar a vida —, teve alta hospitalar na semana passada. Mas a história tomou um rumo trágico.
Dois dias depois, a pressão apertou. A família, desesperada, viu a jovem entrar em trabalho de parto em casa. Sem condições adequadas, sem equipe médica. O bebê chegou ao mundo, sim, mas a alegria durou menos que um piscar de olhos.
E aí? A mãe, já fragilizada pela condição de saúde, não resistiu. O recém-nascido, frágil como um passarinho no primeiro dia de vida, também partiu. Dois corações que pararam de bater num intervalo de horas.
O sistema falhou?
Pergunta que não quer calar: por que liberaram uma gestante de alto risco? A anemia falciforme não é brincadeira — qualquer médico sabe disso. Os glóbulos vermelhos em forma de foice (daí o nome) complicam tudo, desde oxigenação até cicatrização.
- A adolescente estava em acompanhamento no HU
- Teve alta na terça-feira (12)
- O parto ocorreu na quinta (14) de madrugada
O hospital, por sua vez, alega que a paciente apresentava condições estáveis no momento da alta. Mas aí a gente se pergunta: estável pra quem? Pra uma jovem com doença crônica, grávida, moradora da periferia de Arapiraca?
Números que doem
Alagoas tem a 4ª maior taxa de mortalidade materna do Nordeste. E casos como esse — onde a pobreza, a falta de estrutura e a desinformação se misturam — são mais comuns do que deveriam. A família agora aguarda o laudo do IML, mas a dor, essa já está instalada.
Enquanto isso, no bairro onde moravam, vizinhos fazem vaquinha para o enterro. Duas vidas que poderiam ter sido salvas. Duas histórias interrompidas por um sistema que, parece, sempre falha com os mais vulneráveis.