As gêmeas Heloísa e Helena, que nasceram unidas pela cabeça, receberam alta médica nesta quarta-feira (26) após 19 dias da segunda etapa da complexa cirurgia de separação. O procedimento, realizado no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), marca mais um passo bem-sucedido no processo que deve durar aproximadamente um ano.
O pai das meninas, Amarildo Batista da Silva, expressou alívio e esperança durante a comemoração pela alta hospitalar. A segunda cirurgia aconteceu no dia 8 de novembro e durou aproximadamente dez horas, representando um avanço significativo no delicado processo de separação dos crânios e cérebros das irmãs.
Detalhes do procedimento cirúrgico
De acordo com o médico Jayme Farina Junior, que lidera a equipe multiprofissional, a segunda etapa permitiu dar continuidade ao trabalho iniciado em agosto. "Conseguimos completar as incisões cutâneas, unindo com os cortes iniciais que fizemos em agosto", explicou o especialista.
O procedimento envolveu mais uma fase de separação dos cérebros das gêmeas, que atualmente têm 1 ano e dez meses e são naturais de São José dos Campos (SP). A técnica utiliza modelos tridimensionais e realidade aumentada para garantir precisão máxima durante as intervenções.
Planejamento das próximas etapas
O cronograma estabelecido pelos médicos prevê mais três cirurgias até a separação completa, que deve ocorrer em meados de 2026. A terceira etapa está programada para o final de fevereiro, seguida pela quarta em março do próximo ano.
Segundo o médico Marcelo Volpon, também integrante da equipe, o formato dos crânios das gêmeas tem sido favorável para o procedimento. "Têm uma redução do diâmetro lateral no crânio. Isso nos permitiu fazer essa navegação circunjacente de maneira que conseguimos encontrar os parâmetros laterais", detalhou.
Depoimento emocionado do pai
Amarildo Batista da Silva acompanha cada etapa do tratamento com uma mistura de preocupação e fé. "Sempre preocupa. Nesta segunda cirurgia eu estava preocupado também, mas não era aquela primeira vez que a gente fica sempre com mais preocupação", confessou o pai.
Ele demonstrou confiança no sucesso do tratamento: "Tenho muita esperança e muita fé que já está dando tudo certo. Só tenho a agradecer a Deus e aos médicos". As gêmeas ainda enfrentarão três procedimentos adicionais até a separação total.
Expertise do Hospital das Clínicas
O caso de Heloísa e Helena representa o terceiro procedimento deste tipo realizado pelo Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, que se tornou referência nacional em cirurgias de separação de gêmeos siameses. A instituição já havia realizado com sucesso a separação das gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora em 2018, e de Alana e Mariah em agosto de 2023.
O método desenvolvido pelos médicos da USP envolve cinco fases espaçadas por meses, permitindo que os cérebros das crianças se adaptem gradualmente às mudanças. As quatro primeiras etapas focam na separação de tecidos, vasos sanguíneos e estruturas que unem os crânios, enquanto a quinta e última etapa consistirá em cirurgia plástica para fechamento dos tecidos.
O sucesso das primeiras duas cirurgias fortalece a esperança da família e da equipe médica de que Heloísa e Helena em breve poderão se ver face a face, marcando mais um capítulo bem-sucedido na história da medicina brasileira.