Caso Benício: CMM recebe família e reafirma busca por justiça após erro médico fatal
Família cobra justiça na CMM após morte de criança por erro médico

Em um momento carregado de emoção, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) recebeu, na quarta-feira (3), os pais de Benício Xavier, uma criança de 6 anos que morreu vítima de um erro médico em um hospital particular da capital. A audiência, solicitada pelo vereador João Paulo Janjão (Agir) e aprovada pela Mesa Diretora, serviu para a família cobrar justiça e mudanças urgentes no sistema de saúde.

Um relato de dor e um apelo por mudanças

Joyce e Bruno Freitas subiram à tribuna do plenário para narrar a tragédia que tirou a vida do filho. Benício faleceu após receber uma dosagem incorreta de adrenalina por via intravenosa, quando o medicamento deveria ter sido administrado por via oral, durante um atendimento de saúde. Visivelmente abalados, os pais fizeram um apelo direto aos parlamentares.

"Nenhuma mãe leva seu filho ao hospital para morrer; nenhum pai entrega seu filho a profissionais esperando que ele volte morto", disse Bruno Freitas. Ele pediu que os vereadores criem mecanismos e aperfeiçoem protocolos para organizar o sistema. "O que nós queremos é garantir que nenhuma criança seja vítima de um erro tão básico e devastador", completou.

Investigação aponta falhas e busca responsabilização

O caso, que comoveu Manaus, segue sob investigação da Polícia Civil. O delegado Marcelo Martins conduz o inquérito que apura a possibilidade de homicídio doloso qualificado pela crueldade. Até o momento, já foram colhidos depoimentos e analisados prontuários médicos.

Um relatório do Hospital Santa Júlia, ao qual a Rede Amazônica teve acesso, traz a versão da médica Juliana Brasil Santos. Ela reconheceu ter errado ao prescrever a adrenalina na veia e afirmou ter comentado com a mãe que a medicação seria oral. A profissional também disse ter se surpreendido porque a equipe de enfermagem não questionou a prescrição.

Por outro lado, a técnica de enfermagem Raiza Bentes, que aplicou a dose, declarou à polícia que apenas seguiu a prescrição médica. Ambas as profissionais foram afastadas pelo hospital. O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CREMAM) instaurou processo ético sigiloso contra a médica, e o Coren-AM suspendeu cautelarmente a técnica de enfermagem.

Apesar de um pedido de prisão preventiva formulado pelo delegado, a Justiça negou a medida por entender não haver, até agora, fundamentos suficientes para a custódia. A médica responde ao processo em liberdade.

Solidariedade e compromisso dos vereadores

Após o pronunciamento da família, vereadores presentes manifestaram apoio e solidariedade. O vereador Professor Samuel (PSD) afirmou que a tragédia sensibilizou toda a cidade e se colocou à disposição para ajudar. Já o parlamentar Sérgio Baré (PRD) lamentou a perda e destacou que o momento exige união em torno da busca por justiça.

A ida da família à CMM marca um passo na tentativa de transformar a dor em ação política, pressionando por fiscalização e melhorias que possam prevenir futuras fatalidades decorrentes de falhas médicas em Manaus e no Amazonas.