Doação de medula salva criança de 3 anos em Presidente Prudente; famílias se reencontram
Doadora salva criança de 3 anos com transplante de medula

Um reencontro emocionante marcou a vida de duas famílias em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. Após mais de dois anos de espera, os pais do pequeno Heitor, hoje com cinco anos, finalmente conheceram pessoalmente a doadora de medula óssea que salvou a vida do filho quando ele tinha apenas três. O encontro aconteceu na última quarta-feira (26), após ambas as famílias manifestarem o desejo de se conhecer.

Uma jornada de luta desde o nascimento

A história de superação do Heitor começou ainda nos primeiros dias de vida. Sua mãe, Rosângela da Silva Gomes, de 48 anos, conta que a gravidez foi saudável, mas o bebê foi diagnosticado com hemoglobina abaixo do normal logo após nascer. "No outro dia, ele recebeu a primeira transfusão de sangue e permaneceu fazendo transfusões, internado por 38 dias na UTI neonatal do Hospital Regional", relembra.

Heitor tinha a imunidade muito baixa e estava constantemente vulnerável a infecções. A hemoglobina, proteína crucial para o transporte de oxigênio no sangue, estava em níveis insuficientes, caracterizando um quadro de anemia. Após uma série de consultas e uma biópsia completa em hospitais da região e da capital paulista, veio o diagnóstico: uma anemia muito rara.

"Ele tinha uma anemia muito rara e a medula até fabricava um dos componentes do sangue, mas não o suficiente para trabalhar no corpo e por isso das transfusões", explica Rosângela. Os pais, que têm Heitor como filho único, fizeram exames de compatibilidade, mas apenas o pai apresentou 50% de compatibilidade, o que não era o ideal para o transplante.

A espera por um doador compatível

Diante do quadro, a equipe médica decidiu inscrever o nome de Heitor no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). A espera era por um doador 100% compatível. Em 2023, a notícia que mudaria tudo chegou: o Redome informou que haviam encontrado dois doadores compatíveis.

"Nós recebemos a melhor notícia, que tinham dois! É uma raridade, é Deus, de milhões de seres humanos, ter dois doadores do mesmo sangue compatível", declara o pai, Alexandre, ainda emocionado. Um rapaz de 18 anos, com 98% de compatibilidade, e uma mulher de 23 anos, com 100% de compatibilidade, eram as esperanças. A escolha recaiu sobre a doadora com compatibilidade total.

O transplante foi realizado com sucesso em 2023, em um hospital de São Paulo, dando uma nova chance à vida de Heitor.

O gesto que começou com uma doação de sangue

A doadora que salvou Heitor é Nathalia Caires Billato, hoje com 25 anos, moradora de Campinas (SP). Sua jornada como doadora começou de forma simples, em outubro de 2022, quando doou sangue pela primeira vez, a convite de uma amiga. No mesmo dia, fez o cadastro no Redome para ser doadora de medula óssea.

"Em fevereiro de 2023 o Redome entrou em contato comigo por WhatsApp e informou que teria um possível receptor e foi aí que tudo começou, com apenas uma doação de sangue", relata Nathalia. Quatro meses após esse contato, ela realizou o procedimento de doação.

Ela sempre quis saber quem era o paciente que recebeu sua medula, mas as regras de confidencialidade impediam. Até que, recentemente, o Redome a contactou para dizer que a família do menino queria conhecê-la. "Foi uma felicidade imensa, porque aí tive a certeza que tudo estava bem com o pequeno Heitor", afirma.

Um encontro carregado de emoção e gratidão

O tão aguardado encontro foi descrito pelas famílias como um momento de pura emoção. "Sobre o encontro: nosso abraço foi demorado, sem palavras, só aquele abraço. Eu sou prova viva de que deu certo. Meu filho tá aí, com vida e saúde", disse Rosângela.

Para Nathalia, a experiência foi transformadora. "Foi um misto de emoções... depois fiquei muito feliz e muito grata a Deus por poder ajudar alguém com um simples gesto", comentou sobre o momento em que soube da compatibilidade. E sobre o reencontro: "E agora que nos conhecemos foi uma emoção muito forte, um encontro lindo e cheio de gratidão a Deus por ter me dado o privilégio de conseguir ajudar um anjinho como o Heitor".

Um milagre e um apelo pela doação

Para a família de Heitor, o menino é considerado "um milagre de Deus". Eles reforçam a importância da doação lembrando, com tristeza, que na mesma época do transplante de Heitor, três outras crianças que aguardavam o procedimento não resistiram. "Na época, ele perdeu três amiguinhos que fizeram transplante no mesmo dia que ele, no hospital", conta a mãe.

Rosângela faz um apelo emocionado: "Doar vai salvar uma vida. Você nunca viu, nem sabe ou conhece, mas a felicidade nos olhos da pessoa que recebeu uma ajuda sua, uma doação, eu garanto que você vai dar o maior presente que ela pediu na vida. Sabendo que o seu sangue, a sua medula salvou uma vida".

Para se cadastrar como doador voluntário de medula óssea, basta acessar o site do Redome. Já para doações de sangue, é possível se dirigir aos hemocentros mais próximos, desde que se cumpram os requisitos necessários. Um simples gesto pode ser a diferença entre a vida e a morte para alguém como Heitor.