Um incidente grave envolvendo seis crianças ocorreu na última segunda-feira (24) na Escola Estadual Francisco Pedro Monteiro da Silva, conhecida como "Chicão", no bairro Vila Xavier em Araraquara, interior de São Paulo. As vítimas, com idades entre 7 e 8 anos, ingeriram acidentalmente medicamentos para pressão arterial, confundindo-os com balas.
Como aconteceu o incidente
De acordo com relatos das autoridades e familiares, uma colega das crianças levou duas cartelas do medicamento para a escola dentro da mochila. A mãe da menor explicou à polícia que, devido à correria do dia a dia, não conseguiu fazer a vistoria habitual na mochila da filha. A criança teria retirado os comprimidos das cartelas e distribuído para os colegas, que acreditaram se tratar de doces.
O caso foi registrado por volta das 9h da manhã, conforme informou a Secretaria de Segurança Pública. Assim que a escola tomou conhecimento do ocorrido, a equipe gestora acionou imediatamente os responsáveis pelas crianças e o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).
Estado de saúde das crianças
Uma das mães, que preferiu não se identificar, relatou à EPTV, afiliada da TV Globo, que sua filha ingeriu três comprimidos. O estado de saúde da menina se agravou rapidamente no hospital. "A pressão dela estava 10 por 6. Em questão de minutos foi para 8 por 4. Você pegava e parecia que estava mexendo em uma boneca. Você erguia o braço e descia. Ela estava assim num sono, totalmente", descreveu a mãe.
Mesmo na manhã seguinte, a criança ainda apresentava tonturas. Outra mãe relatou à polícia que, ao buscar a filha na escola, notou que a menina estava com lábios esbranquiçados e manchas no rosto, o que a levou a procurar atendimento médico imediatamente.
Atendimento e consequências
Quatro crianças foram levadas para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Melhado, onde receberam cuidados médicos e foram liberadas. O Conselho Tutelar informou que outras duas vítimas que também ingeriram o medicamento foram encaminhadas para o mesmo hospital, sendo igualmente atendidas e liberadas.
O conselheiro tutelar Valter Fraga explicou as ações tomadas após o incidente: "Hoje nós comparecemos na unidade escolar e tivemos uma reunião com a direção da escola. Ela já tinha encaminhado para o conselho o relatório circunstanciado do fato ocorrido ontem. A escola tomou todas as providências que deveriam ser tomadas."
A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) emitiu uma nota informando que o caso foi inserido na plataforma do programa "Conviva-SP", que realizará ações de conscientização, palestras e oficinas na unidade escolar sobre os perigos da ingestão inadequada de medicamentos. Um psicólogo do programa também foi disponibilizado para atender os estudantes.
Investigações em andamento
A Polícia Civil registrou um Boletim de Ocorrência e investiga as circunstâncias em que a aluna teve acesso aos medicamentos e como ocorreu a distribuição. As mães e as crianças foram ouvidas na Central de Flagrantes pelo delegado de plantão.
Até o momento, as autoridades não revelaram a idade exata da aluna que distribuiu os remédios nem o tipo específico de medicamento envolvido no incidente. O Conselho Tutelar planeja visitar a família da criança para avaliar a necessidade de encaminhamentos para atendimento na rede municipal.
Este caso serve como um alerta importante para familiares e educadores sobre a necessidade de supervisionar o conteúdo das mochilas escolares e educar as crianças sobre os perigos de ingerir substâncias desconhecidas.