A cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, implementou uma mudança crucial no protocolo de atendimento a vítimas de acidentes com escorpiões. A partir de agora, crianças de 0 a 10 anos que sofrerem picada devem ser levadas diretamente à Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE). O objetivo é encurtar o tempo entre o acidente e o recebimento do soro antiescorpiônico, quando necessário, em um grupo considerado de maior risco.
Novo fluxo de atendimento salva tempo
A alteração, anunciada pela Secretaria Municipal da Saúde, estabelece um caminho mais rápido para os pequenos. Na Unidade de Emergência, a criança passa por uma avaliação médica imediata e, se houver indicação, já recebe o soro no local. Para pessoas com 11 anos ou mais, o fluxo permanece inalterado: o primeiro atendimento deve ser buscado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima. Somente casos moderados ou graves, após avaliação, são encaminhados para o HC.
A médica pediatra da Vigilância em Saúde, Viviane da Mata Pasti Balbão, explica que a mudança segue uma diretriz nacional. "Essa modificação não é só de Ribeirão Preto. É uma política nacional para garantir que o soro chegue mais rápido aos mais vulneráveis, que são as crianças de até 10 anos, as com maior risco de complicações", afirmou.
Aumento de casos e sinais de alerta
A revisão do protocolo ocorre em um contexto de crescimento no número de notificações na cidade. De janeiro a outubro de 2025, Ribeirão Preto registrou 1.531 acidentes com escorpiões. O avanço é favorecido pelo calor, pelo período de chuvas e pela expansão de áreas urbanizadas, que servem de abrigo para o aracnídeo.
Diante desse cenário, a orientação das autoridades de saúde é buscar atendimento imediato diante de qualquer suspeita de picada. Os sinais de alerta que demandam urgência incluem:
- Dor intensa no local da picada
- Vômitos
- Suor excessivo
- Alterações nos batimentos cardíacos
Viviane Balbão faz um alerta especial sobre os bebês e crianças muito pequenas: "A picada é muito dolorosa, mas o bebê ou a criança pequena não consegue falar. Ela manifesta irritabilidade, choro persistente. Às vezes o escorpião nem é encontrado. Havendo suspeita, não se deve perder tempo: todas as crianças até 10 anos precisam ser avaliadas direto na Unidade de Emergência".
Prevenção é fundamental o ano todo
Para reduzir os riscos dentro de casa, a Vigilância em Saúde orienta a população a adotar medidas preventivas constantes. Apesar da maior incidência nos meses quentes e chuvosos, o cuidado deve ser mantido durante todo o ano.
As principais recomendações são:
- Vedar ralos, frestas e tampas de caixas de gordura.
- Evitar o acúmulo de madeira, entulhos, lixo ou restos de construção.
- Vistoriar brinquedos, mochilas e sapatos antes do uso, principalmente por crianças.
- Manter quintais e terrenos limpos e organizados.
A Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) fica na Rua Bernardino de Campos, 1.000, no Centro de Ribeirão Preto. A priorização do atendimento infantil direto no local representa um avanço na tentativa de proteger a população mais jovem contra as graves consequências de um acidente com escorpião.