Criança de 6 anos morre após erro médico com adrenalina em Manaus
Criança morre por erro com adrenalina em hospital

A tragédia que vitimou uma criança de seis anos em Manaus revela uma sequência de falhas médicas que terminou em fatalidade. Benício Xavier de Freitas perdeu a vida após receber uma dosagem incorreta de adrenalina aplicada por via intravenosa em um hospital particular da capital amazonense.

Chronologia da fatalidade

Na noite de sábado (22), Benício foi levado ao Hospital Santa Júlia apresentando tosse seca e suspeita de laringite, após dois episódios de febre. Durante o atendimento, a médica Juliana Brasil Santos prescreveu lavagem nasal, soro, xarope e três doses de adrenalina intravenosa de 3 ml a cada 30 minutos.

Os pais da criança relataram que chegaram a questionar a técnica de enfermagem Raiza Bentes sobre a aplicação intravenosa da adrenalina. "Meu filho nunca tinha tomado adrenalina pela veia, só por nebulização. Nós perguntamos, e a técnica disse que também nunca tinha aplicado por via intravenosa", contou o pai, Bruno Freitas.

Agravamento súbito e paradas cardíacas

Pouco após a administração da medicação, o estado de Benício deteriorou-se rapidamente. O menino apresentou palidez, membros arroxeados e queixou-se que 'o coração estava queimando'. Sua saturação de oxigênio despencou para aproximadamente 75%, necessitando de transferência urgente para a sala vermelha.

Por volta das 23h, Benício foi intubado na UTI, procedimento que desencadeou a primeira de seis paradas cardíacas consecutivas. Todas as paradas foram acompanhadas por tentativas de reanimação, mas a última mostrou-se fatal. O menino faleceu às 2h55 do domingo (23).

Investigação e consequências

No dia 25, a família formalizou denúncia na Polícia Civil, atribuindo a morte às paradas cardíacas provocadas pela medicação intravenosa inadequada. O caso está sendo investigado como homicídio doloso qualificado pela crueldade, conforme explicou o delegado Marcelo Martins.

O Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CREMAM) instaurou processo ético sigiloso para apurar a conduta da médica envolvida. Em depoimento à polícia, a dra. Juliana Brasil Santos admitiu o erro na prescrição da adrenalina por via intravenosa, mas afirmou ter-se surpreendido com a falta de questionamento por parte da equipe de enfermagem.

Por sua vez, a técnica de enfermagem Raiza Bentes declarou ter seguido rigorosamente a prescrição médica. O Hospital Santa Júlia afastou ambas as profissionais envolvidas no atendimento.

A Justiça negou pedido de prisão preventiva da médica, entendendo que não existem fundamentos suficientes para mantê-la presa durante as investigações. A profissional responde ao processo em liberdade enquanto as apurações continuam.