Passadas mais de duas décadas, a realidade de um dos municípios mais castigados pela seca no Brasil permanece praticamente inalterada. O programa Globo Rural revisitou, neste domingo (6), a cidade de Casa Nova, localizada no sertão da Bahia, para um doloroso comparativo. A reportagem original, exibida em 1999, já mostrava um cenário de extrema dificuldade, marcado pela fome, pela seca implacável e por índices alarmantes de mortalidade infantil.
Uma volta ao passado que é presente
O retorno ao município, após exatos 26 anos, revelou que os problemas estruturais continuam a desafiar a população. A equipe do programa constatou que a cidade ainda vive uma situação crítica, com poucos avanços significativos em áreas fundamentais para o desenvolvimento humano e social.
Para debater esse cenário de estagnação, o apresentador César Dassie reuniu especialistas. Participaram da conversa Vico Iasi, repórter responsável pela primeira matéria em 1999, e Cíntia da Cunha, nutricionista e líder de saúde da Fundação Abrinq. A discussão girou em torno dos persistentes gargalos que impedem a melhoria da qualidade de vida no local.
Desafios que persistem há décadas
Os especialistas apontaram que os três pilares do problema seguem sem solução efetiva. Em primeiro lugar, a educação precária limita o futuro das novas gerações. Em segundo, a alta mortalidade infantil ainda é uma chaga social, indicando falhas graves nos sistemas de saúde e nutrição. Por fim, os desafios para a convivência com a seca permanecem enormes, afetando a segurança alimentar e a economia local.
A análise contou ainda com contribuições direto da Bahia. Participaram Cícero Félix, técnico em agropecuária da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), e o agrônomo Egídio Trindade. A presença destes profissionais trouxe à tona a perspectiva técnica sobre as possibilidades de convivência com o semiárido e os projetos que tentam, muitas vezes contra grandes obstáculos, transformar a realidade local.
Um retrato que exige ação
A reportagem do Globo Rural funciona como um espelho de uma realidade que se repete em diversos rincões do Nordeste brasileiro. O caso de Casa Nova é emblemático porque mostra a dificuldade em romper um ciclo de pobreza e vulnerabilidade agravado pelas condições climáticas adversas.
A volta ao município após 26 anos não celebra progressos, mas expõe a urgência de políticas públicas consistentes e de longo prazo. A situação crítica demanda mais do que ações emergenciais; é necessário um planejamento integrado que envolva saúde, educação, segurança hídrica e geração de renda.
O videocast completo, com a íntegra da discussão e as imagens atuais da região, está disponível para quem quiser entender a profundidade do problema. São 50 vídeos que documentam uma triste permanência no tempo, clamando por mudanças que, infelizmente, ainda não chegaram ao sertão da Bahia.