Bebê de 1 ano e 7 meses morre após erro em anestesia em hospital no AM
Bebê morre após erro em anestesia em hospital do Amazonas

A morte de um bebê de 1 ano e 7 meses durante uma cirurgia de fimose, no interior do Amazonas, levanta graves questionamentos sobre a segurança em procedimentos pediátricos. O caso ocorreu no Hospital Municipal Eraldo Neves Falcão, em Presidente Figueiredo, e está sendo investigado pela polícia como possível homicídio culposo por imperícia médica.

Detalhes da tragédia no centro cirúrgico

Segundo o relato da mãe, Stefany Falcão Lima, a criança, Pedro Henrique Falcão, foi submetida à cirurgia no dia 11 de novembro. O anestesiologista responsável, identificado como Orlando Calendo Ignacio Astampo, teria aplicado doses elevadas de medicamentos após a primeira sedação não surtir efeito. A situação rapidamente se agravou.

"Ao notar que a saturação e os sinais vitais de meu filho estavam caindo progressivamente, e percebendo a inércia do anestesiologista em buscar ajuda adequada, eu mesma pedi para a enfermeira chamar o pediatra", declarou Stefany ao g1. Ela ainda afirma que o profissional iniciou a intubação sem ventilação adequada e não pediu ajuda de forma proativa.

Falhas na estrutura e na conduta médica

Documentos obtidos pela reportagem revelam que o pediatra, ao chegar à sala para tentar reanimar o bebê, questionou o anestesiologista sobre as medicações usadas, mas não obteve resposta imediata. O mesmo profissional registrou, em seu relato, que a sala não estava preparada para atender pacientes pediátricos.

O diretor clínico da unidade, Daniel Mota, confirmou que o médico anestesiologista atuava no hospital desde entre 2020 e 2021, por meio de processo seletivo. Após o incidente, o profissional pediu exoneração. "Foi uma decisão dele. Segundo ele, não tinha mais condições, até mesmo psicológicas, de continuar na unidade", explicou o diretor.

Investigação policial em andamento

O caso foi registrado no 37º Distrito Integrado de Polícia (DIP) de Presidente Figueiredo no dia 20 de novembro. O delegado Valdinei Silva afirmou que o inquérito foi aberto como homicídio culposo, decorrente, a priori, de imperícia médica.

"Vamos solicitar documentação do hospital, ouvir também toda a equipe que estava no momento do procedimento para a gente apurar a responsabilidade de fato que ocorreu", disse o delegado. Ele informou que os depoimentos já começaram e que a mãe da vítima será ouvida. Por enquanto, não há necessidade de prisão preventiva do médico investigado.

A advogada da família, Doracy Queiroz de Oliveira Neta, no entanto, reclama da lentidão das investigações. A tragédia teve início com uma simples dor de ouvido. O bebê foi levado à Unidade Básica de Saúde (UBS), onde um pediatra identificou a fimose e iniciou o tratamento. Dias depois, retornando à UBS, a criança foi encaminhada para a cirurgia no hospital municipal, que terminou em fatalidade.