Milagre e superação: a jornada de Aurora Maria após queimaduras graves
A pequena Aurora Maria Oliveira Mesquita, que sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus durante um banho na Maternidade Irmã Maria Inete, em Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, completou cinco meses de vida na última sexta-feira, 21 de outubro. A família celebra a saúde da menina, que vem apresentando uma recuperação considerada milagrosa pelos pais.
Em entrevista exclusiva, Marcos Silva Oliveira, pai da bebê, recordou as dificuldades enfrentadas logo após o nascimento da filha e não hesita em atribuir à fé a surpreendente recuperação de Aurora. "Toda essa situação, ninguém nunca esperava passar, mas Deus foi maior, fez um milagre na nossas vidas e salvou nossa filha", emocionou-se o pai.
O acidente e a longa jornada de tratamento
O incidente que mudou a vida da família aconteceu quando Aurora tinha apenas três dias de vida. Uma técnica de enfermagem realizava o banho da recém-nascida na maternidade quando a água quente causou queimaduras graves na pequena paciente.
Devido à gravidade das lesões, a bebê precisou ser transferida inicialmente para Rio Branco e posteriormente para o Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, onde permaneceu internada por mais de um mês. A alta hospitalar aconteceu no dia 31 de julho, mas a jornada de tratamento ainda não terminou.
No dia 6 de agosto, a família conseguiu retornar ao Acre, mas precisou fazer nova viagem a Belo Horizonte para acompanhamento médico. No próximo domingo, 30 de outubro, Aurora realizará mais uma consulta no Hospital João XXIII, que o pai acredita ser o último retorno necessário.
Sequelas e esperança na recuperação
Apesar da recuperação quase total, a menina apresenta algumas sequelas no pé mais atingido pelas queimaduras. "As pontas dos dedos não vai nascer unha. Onde foi colocado o enxerto ficou com algumas cicatrizes, mais altas", explicou Marcos Oliveira.
O pai mantém a esperança de que, devido à tenra idade da filha, ainda haja chances de melhora no aspecto das cicatrizes. "Ainda estamos vendo o tratamento dela se vai melhorar, como ela é muito nova, ainda tem chance", completou.
Frustração com a Justiça e busca por responsabilização
Enquanto comemora a recuperação da filha, o pai demonstra frustração com o andamento do processo de responsabilização pelo ocorrido. A técnica de enfermagem que realizou o banho foi afastada do cargo e deve ser demitida ao final do Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD).
No entanto, Marcos Oliveira critica a morosidade da Justiça brasileira: "A justiça do nosso Brasil é falha. Uma situação dessa era pra ser resolvida logo no ocorrido. Depois de tudo, abafa, some tudo e só quem perde somos nós".
O pai registrou um boletim de ocorrência contra o hospital e lamenta que, até o momento, só se sabe que a profissional foi afastada, sem outras medidas concretas de responsabilização.
Desafios durante o tratamento
A trajetória de Aurora foi marcada por momentos de extremo risco. Ainda no final de junho, a bebê sofreu uma parada cardiorrespiratória e precisou ser reanimada pela equipe médica que a atendia.
No início de julho, ela passou por um procedimento de enxerto de pele nos dedos dos pés, etapa crucial em seu tratamento. Durante a internação, exames descartaram a possibilidade de outras doenças, como epidermólise bolhosa, que havia sido uma suspeita inicial da Secretaria de Saúde do Acre.
A confirmação de que as lesões eram realmente queimaduras trouxe algum alívio à família, que desde o início insistia nessa versão dos fatos. "Todo mundo duvidou da gente. Só quem acreditou foi a família mesmo", recordou o pai, mencionando inclusive que chegou a colocar as mãos de médicos e da diretoria na água para provar a temperatura inadequada.
Hoje, ao ver a filha desenvolvendo-se normalmente, Marcos Oliveira resume o sentimento da família: "Hoje ver nossa filha bem já é uma benção". A celebração dos cinco meses de vida de Aurora representa não apenas um marco etário, mas a vitória de uma batalha pela vida que mobilizou uma rede de apoio e fé em todo o país.