Laís Vitória, 12 anos, ouve voz da mãe após implante coclear no Recife
Adolescente ouve mãe pela 1ª vez com implante coclear

A vida de Laís Vitória, uma adolescente de 12 anos, mudou completamente na última quarta-feira (19). Após a ativação de seu implante coclear no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), no bairro dos Coelhos, Centro do Recife, ela ouviu a voz da mãe pela primeira vez.

Um mundo de novas descobertas

Desde o momento da ativação do dispositivo, Laís iniciou uma jornada emocionante de descobertas sonoras. Sua mãe, Poliana Barbosa, agricultora que mora com a família em Vertentes, no Agreste pernambucano, relatou ao g1 a transformação na rotina da filha.

"Desde o primeiro dia da ativação, ela está respondendo muito bem. De início, já me atende na minha primeira fala, escuta cada batida, cada som", contou Poliana. "Vejo os olhinhos dela brilharem porque ela se emociona a cada nova descoberta."

Os pequenos hábitos domésticos revelam a grande mudança: o celular, que antes permanecia no modo silencioso, agora funciona com volume máximo. Os desenhos animados favoritos de Laís ecoam pela casa, assim como as músicas que ela começou a explorar.

Preparação para a escola e novos desafios

Nesta segunda-feira (24), Laís viverá outro marco importante: sua primeira aula como estudante ouvinte. A adolescente compartilhou sua ansiedade: "Estou muito feliz e muito ansiosa, não vejo a hora de chegar amanhã, ver meus colegas e poder ouvir cada um deles".

Quando questionada sobre o barulho característico do ambiente escolar, a jovem demonstrou maturidade: "Vou regular o som se tiver muito barulho", brincou, mostrando que já domina as funcionalidades de seu novo equipamento.

Duas amigas já visitaram Laís em casa, proporcionando momentos de pura alegria. "Fiquei tão feliz e emocionada, escuto tudo agora", relatou a adolescente.

Processo de adaptação e sonhos futuros

Poliana explicou que a filha, que já se comunicava em Libras, agora enfrenta o desafio de associar sons às palavras. "Eu sempre falo com ela olhando para ela, fazendo com que ela veja e entenda de alguma forma", detalhou a mãe.

"Quando digo 'Laís, pegue sua toalha para tomar banho', ela olha pra mim. Eu digo 'TO-A-LHA', ela pega, vai para o banheiro. Ela fica olhando para entender."

O maior sonho de Laís já foi realizado - ouvir a voz da mãe - mas novos desejos surgiram. "Quero muito escutar o barulho do mar", declarou a jovem, ansiosa para expandir seu universo sonoro.

Para Poliana, o sonho é ouvir a filha dizer "mãe" pela primeira vez. "Sonho muito com esse dia de Laís chegar e dizer 'mãe'. Cada avanço pra mim e para ela é muito significativo, porque esses anos todos no mundo sem sons, cada conquista é um grande avanço."

Caminho pela frente

O implante coclear, indicado para pacientes com perda auditiva severa ou profunda que não se adaptam ao aparelho auditivo convencional, representa apenas o início de uma nova jornada.

Laís precisará realizar sessões semanais de fonoaudiologia - um desafio adicional, considerando que a família reside em uma pequena cidade do Agreste, com oferta limitada de profissionais especializados.

Apesar dos obstáculos, Poliana mantém o coração cheio de gratidão. "Ela já era muito feliz. Às vezes ela chegava triste porque tinham algumas pessoas maldosas que riam da deficiência. Ela se abatia naquele momento, mas, em seguida, já estava forte de novo."

E finalizou, emocionada: "O milagre que sempre pedi de joelhos dobrados e lágrimas escorrendo às 3 horas da madrugada veio no momento certo e do jeitinho que Deus me prometeu".