O Amapá contabilizou 15 casos de queimaduras que necessitaram de internação hospitalar em crianças com idade entre 1 e 4 anos, no período de janeiro a setembro de 2025. Os dados, divulgados pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) com base em informações do DataSUS, acendem um alerta para os cuidados com os pequenos dentro de casa, local onde a maioria dos acidentes ocorre.
Cenário nacional e local das queimaduras infantis
Em todo o Brasil, o número de internações na mesma faixa etária foi expressivo: 3.613 crianças foram hospitalizadas por queimaduras nos nove primeiros meses do ano. A região Nordeste lidera esse triste ranking nacional, seguida pelas regiões Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte. Com seus 15 casos, o estado do Amapá ocupa a 25ª posição no ranking entre as unidades da federação, figurando entre aqueles com os menores índices relativos.
Analisando a distribuição mensal no estado, julho foi o período com maior ocorrência, registrando 4 casos. Março e junho tiveram 3 casos cada, enquanto abril e setembro registraram 2 ocorrências. Fevereiro teve 1 caso, e janeiro, maio e agosto não contabilizaram internações por esse motivo no período.
A cozinha: o epicentro do perigo dentro de casa
A Sociedade Brasileira de Queimaduras estima que sete em cada dez acidentes com queimaduras em crianças acontecem no ambiente doméstico. A cozinha se consolida como o cômodo mais perigoso, com os líquidos quentes sendo os grandes vilões. Situações aparentemente simples do dia a dia, como deixar os cabos das panelas virados para fora do fogão ou colocar xícaras com bebidas quentes na beirada da mesa, representam riscos altíssimos.
“A criança puxa o cabo, tropeça no pano da mesa, esbarra no copo, mexe na cafeteira e tenta alcançar recipientes aquecidos. Todo cuidado é pouco com os pequenos”, alerta a pediatra Mariana F. Falavina Grigoletto, membro da ONA. Ela reforça que a combinação de curiosidade, agilidade e pouca noção de perigo torna as crianças dessa idade especialmente vulneráveis.
Orientações de primeiros socorros e prevenção essencial
Em caso de acidente, a primeira medida é fundamental: resfriar a área queimada com água corrente fria por 10 a 20 minutos. Especialistas são categóricos em desaconselhar o uso de qualquer receita caseira, como pasta de dente, manteiga ou café. É crucial buscar atendimento médico de urgência se a queimadura apresentar bolhas, se houver febre, dor intensa, sinais de infecção (pus, aumento da vermelhidão), ou se atingir áreas sensíveis como rosto, mãos, pés ou genitais. Sintomas como náuseas, sonolência ou desmaio também demandam atenção imediata.
A prevenção, no entanto, é a melhor estratégia. Confira as principais recomendações para evitar acidentes:
- Evitar segurar a criança no colo enquanto cozinha.
- Manter fósforos, isqueiros e álcool totalmente fora do alcance.
- Sempre virar os cabos das panelas para a parte de dentro do fogão.
- Preferir usar as bocas de trás do fogão e manter as crianças longe do forno, fogão, ferro de passar e chapinhas.
- Não deixar objetos quentes (xícaras, pratos) nas bordas de mesas ou bancadas.
- Evitar o uso de toalhas de mesa muito compridas, que possam ser puxadas.
- Ter extrema atenção ao usar o micro-ondas, pois o recipiente pode aquecer mais que o conteúdo.
- Guardar produtos químicos de limpeza em locais altos e, preferencialmente, trancados.
- Tampar tomadas elétricas e verificar a existência de fios desencapados ou soltos.
- Descartar pilhas e baterias de forma correta e segura.
- Testar sempre a temperatura da água do banho antes de colocar a criança.
Com a chegada do verão, outro tipo de queimadura requer atenção: a solar. A exposição entre 10h e 16h deve ser evitada, e o uso de protetor solar é indispensável. A combinação de vigilância constante e a adoção dessas medidas simples de segurança são a chave para transformar o lar em um ambiente realmente seguro para a exploração saudável das crianças.
