OMS lança primeiras diretrizes globais para diabetes na gravidez
OMS: primeiras diretrizes para diabetes na gravidez

A Organização Mundial da Saúde (OMS) marcou um marco histórico na saúde materna ao publicar suas primeiras diretrizes globais para o manejo do diabetes durante a gravidez. O anúncio ocorreu nesta quinta-feira, 14 de novembro de 2025, estabelecendo padrões internacionais para o cuidado de gestantes com diabetes pré-existente ou diabetes gestacional.

O documento revela que uma em cada seis gestantes em todo o mundo convive com alguma forma de diabetes, totalizando aproximadamente 21 milhões de mulheres anualmente. Embora o diabetes gestacional seja o tipo mais comum, todas as formas da doença representam riscos significativos quando não são adequadamente diagnosticadas e controladas.

Principais recomendações da OMS

As novas diretrizes contêm 27 recomendações distribuídas em quatro áreas fundamentais: práticas essenciais, monitoramento da glicose, tratamento medicamentoso e exames complementares. Esta abordagem abrangente visa oferecer orientação completa desde o diagnóstico até o acompanhamento pós-parto.

Alimentação e atividade física

A OMS enfatiza que todas as gestantes com diabetes devem receber aconselhamento individualizado sobre alimentação, atividade física e controle de peso. As recomendações nutricionais incluem o consumo de carboidratos provenientes de alimentos naturais, como grãos integrais, legumes, frutas e leguminosas, além da limitação de gorduras saturadas e ingestão mínima de 400 gramas de vegetais diariamente.

Quanto à atividade física, a orientação segue os mesmos parâmetros recomendados para gestantes sem diabetes: pelo menos 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos de intensidade moderada, combinados com atividades de fortalecimento muscular em dois ou mais dias da semana. A OMS destaca que mesmo sessões curtas distribuídas ao longo do dia podem melhorar significativamente o controle glicêmico.

Monitoramento e tratamento medicamentoso

Um dos aspectos mais detalhados das diretrizes aborda o monitoramento da glicose. A OMS recomenda o autoexame da glicemia para todas as gestantes com diabetes, sempre que possível. Para mulheres com diabetes tipo 1, a organização sugere o uso de monitores contínuos de glicose, que demonstraram melhorar significativamente o tempo dentro da meta glicêmica e reduzir internações neonatais.

No tratamento medicamentoso, as orientações variam conforme o tipo de diabetes:

  • Diabetes tipo 1: Manter o mesmo esquema de insulina utilizado antes da gravidez, ajustando as doses conforme as mudanças fisiológicas da gestação
  • Diabetes tipo 2: Iniciar tratamento com metformina ou insulina quando mudanças no estilo de vida não forem suficientes
  • Diabetes gestacional: Considerar metformina como alternativa eficaz e acessível, mantendo a insulina como opção preferencial para casos mais severos

Complicações e desigualdades no acesso

O documento da OMS alerta para as sérias complicações associadas ao diabetes não controlado durante a gravidez, incluindo pré-eclâmpsia, parto prematuro, natimorto e traumas no parto. Além disso, mães e filhos têm maior probabilidade de desenvolver diabetes tipo 2 e outras doenças cardiometabólicas ao longo da vida.

As diretrizes também destacam a preocupante desigualdade no acesso a cuidados adequados, especialmente em países de baixa e média renda. Nestas regiões, gestantes frequentemente enfrentam dificuldades para obter medicamentos, aparelhos de monitoramento e atendimento especializado, agravando os riscos à saúde materna e neonatal.

A OMS conclui que a implementação dessas diretrizes requer esforços coordenados de governos e sistemas de saúde para garantir acesso a tecnologias essenciais e ampliar equipes multidisciplinares, medidas consideradas cruciais para reduzir a mortalidade materna e neonatal em todo o mundo.