Uma condição silenciosa, mas de proporções globais, tem se tornado a principal ameaça à saúde do fígado, superando até mesmo as hepatites virais e o consumo de álcool como causa de cirrose, câncer e falência do órgão. Conhecida popularmente como gordura no fígado, a doença hepática esteatótica associada à disfunção metabólica (MASLD, na sigla em inglês) atinge impressionantes 40% da população mundial.
O papel crucial da alimentação na reversão do quadro
A principal causa por trás dessa epidemia silenciosa é a obesidade, que atinge níveis pandêmicos. A boa notícia é que, segundo especialistas, mudanças na alimentação podem ajudar a reverter o problema antes que ele evolua e coloque a saúde em risco grave. É importante destacar que não existe um único alimento vilão que desencadeie a doença sozinho. A MASLD é resultado de um acúmulo lento de maus hábitos, incluindo dieta inadequada, sedentarismo e estresse.
Aliados do fígado: o que colocar no prato
A base de uma dieta protetora para o fígado está no hortifrúti. Priorizar frutas, verduras e legumes coloridos é um excelente primeiro passo. As fibras, essenciais para o intestino, também são grandes aliadas da saúde hepática. Inclua aveia e quinoa nas refeições, desde um mingau no café da manhã até sopas e saladas no almoço ou jantar.
Nem toda gordura é inimiga. As gorduras boas presentes no abacate, azeite extravirgem, ovos e oleaginosas (como nozes, castanhas e sementes de girassol e linhaça) são bem-vindas com moderação.
Ao contrário do que se pensa, não é necessário banir os carboidratos. Eles são fontes de energia vital. O segredo é escolher as versões integrais e os tubérculos, como batata-doce, inhame, cenoura e beterraba.
Para completar o prato, invista em proteínas magras e de origem vegetal, que aumentam a saciedade. Peixes como salmão, atum, sardinha e cavalinha são excelentes opções, ricos em ômega-3. Cortes magros de carne bovina, como patinho e filé mignon, e leguminosas (feijão, grão-de-bico) também fazem parte do cardápio ideal.
Inimigos a serem evitados na lista de compras
Para cuidar do fígado, é fundamental reduzir ou eliminar alimentos prejudiciais à saúde como um todo. No topo da lista negra estão os ultraprocessados: salgadinhos, macarrão instantâneo e bolos prontos. Eles são carregados de açúcar, sódio, gordura saturada e aditivos, e estão ligados a doenças cardiovasculares e câncer.
As gorduras saturadas também devem ser drasticamente reduzidas. Elas estão presentes em carnes gordurosas, manteiga, óleo de coco e de palma, na pele do frango e em todas as frituras.
Para a hidratação, a escolha número um deve ser sempre a água. Refrigerantes e sucos artificiais ou em pó, cheios de açúcar ou adoçantes, não têm lugar no dia a dia de quem quer proteger o fígado.
Por fim, um alerta para um antigo conhecido: o consumo excessivo de álcool continua sendo um grande inimigo hepático, associado a tumores, problemas cardiovasculares e demências.
Adotar essas mudanças alimentares, combinadas com a prática de atividade física e o controle do estresse, representa uma poderosa estratégia para combater o acúmulo de gordura no fígado e recuperar a saúde do órgão antes que complicações mais sérias surjam.