Uma pesquisa inédita do Instituto Datafolha encomendada pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) revela dados significativos sobre os hábitos alimentares dos brasileiros. Approximadamente 7% da população concorda totalmente ou em parte com a afirmação de que é vegana, um número que surpreende pela expressividade.
Brasileiros abertos à mudança alimentar
O estudo vai além e mostra que 74% dos brasileiros demonstram abertura para reduzir ou eliminar o consumo de carne de suas dietas. Esse movimento reflete uma crescente conscientização sobre questões ambientais, bem-estar animal e saúde.
Segundo a nutricionista Denise Alves Perez, professora do Centro Universitário UniBH, parte do Ecossistema Ânima, muitos mitos ainda cercam o veganismo devido à forte tradição alimentar brasileira, historicamente baseada no consumo de carnes.
Desmistificando a alimentação vegana
Um dos principais equívocos, segundo a especialista, é a crença de que veganos não consomem proteína suficiente. Denise Alves Perez desmente essa ideia e explica que leguminosas como feijão, lentilha, ervilha e especialmente a soja são excelentes fontes proteicas.
"É totalmente possível atingir as necessidades calóricas diárias com uma alimentação vegana bem planejada", afirma a professora. Ela ressalta, porém, que a chave está na disciplina e no planejamento alimentar.
A nutricionista faz um alerta importante: tornar-se vegano não significa substituir carne por alimentos ultraprocessados vegetais. "Não adianta excluir carne e viver de macarrão instantâneo. O vegano saudável cozinha, planeja e escolhe bem seus alimentos", destaca.
Cuidados essenciais na transição
Denise Perez aborda também as preocupações com nutrientes específicos. Deficiências de vitamina B12, ferro e cálcio podem ocorrer em uma dieta vegana sem acompanhamento profissional. Por isso, exames periódicos e ajustes individuais na alimentação são fundamentais.
"Cada caso é um caso. Muitos conseguem manter níveis adequados apenas com alimentação; outros precisarão suplementar", explica a especialista.
A boa notícia é que o veganismo é seguro para qualquer fase da vida, desde que haja acompanhamento especializado. Crianças em crescimento, gestantes e idosos podem se beneficiar dessa alimentação quando bem orientados.
Vantagens além da saúde
Contrariando outra crença popular, a nutricionista afirma que veganos não têm menos energia ou força. "A proteína vegetal é tão boa quanto a animal. O desempenho físico não está comprometido", garante.
Outra surpresa positiva: seguir uma dieta vegana pode ser mais econômico do que manter o consumo de carnes e laticínios. "Leguminosas, arroz, cereais, frutas e verduras estão entre os itens mais acessíveis. É possível comer bem e ainda economizar", revela Denise.
Para quem deseja iniciar essa transição, a especialista recomenda: planejamento alimentar e disposição para cozinhar são fundamentais. Deixar leguminosas de molho, aprender novas receitas e organizar o cardápio semanal são passos essenciais para o sucesso.
"Dietas veganas e vegetarianas, quando bem-feitas, oferecem proteção para o coração e ajudam na prevenção de doenças crônicas como diabetes e hipertensão", conclui Denise Perez, reforçando: "O importante é fazer direito — não ser o 'vegano do miojo'".