
Imagine sair da rotina de um hospital — com seus cheiros esterilizados e paredes brancas — para sentir o vento no rosto e o sol quente da Amazônia. Foi exatamente isso que aconteceu com dezenas de pacientes do Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) nesta quinta-feira (15).
Numa iniciativa que mistura terapia e magia (sim, magia!), a carreta Talismã — aquela mesma que já rodou meio país levando cultura — estacionou em Santarém com um propósito especial: transformar histórias de dor em momentos de pura leveza.
Mais que um passeio: remédio para a alma
"Quando me chamaram pra subir naquela carreta colorida, pensei que fosse sonho", conta Dona Maria, 62 anos, em tratamento há três meses. E não era. Com direito a música, contação de histórias e até umas danças improvisadas (quem resiste ao carimbó?), o projeto provou que alegria também pode — e deve — ser parte do processo de cura.
Os organizadores, aqueles seres humanos especiais que ainda acreditam em gestos pequenos com impactos gigantes, capricharam nos detalhes:
- Roteiro adaptado para condições físicas variadas
- Equipe médica acompanhando tudo de perto (só por segurança, quase não foi necessário)
- Paradas estratégicas em pontos turísticos que muitos pacientes só conheciam de nome
E olha que interessante: enquanto a carreta avançava pelas ruas de Santarém, alguns comerciantes espontaneamente jogavam flores. Coisa de cinema? Não, coisa de humanidade mesmo.
O talismã que virou símbolo
Pra quem não conhece, a carreta é um projeto itinerante que já rodou mais de 50 cidades brasileiras. Mas essa edição em Santarém — organizada em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde — teve um gostinho especial. "Ver adultos chorando de emoção ao ver o rio Tapajós de novo... Isso não tem preço", emociona-se o coordenador Marcos Aurélio.
Entre um suspiro e outro, os pacientes aproveitaram cada minuto. "Até esqueci que tenho que voltar pra quimioterapia amanhã", brincou o adolescente Rafael, 14 anos, enquanto tentava capturar selfies com o pôr-do-sol de fundo.
Ah, e pra quem acha que foi só diversão: os psicólogos do hospital já notaram diferença no humor dos participantes. "Tem paciente que não sorria há semanas", comenta uma enfermeira. E agora? Agora o desafio é manter essa chama acesa — e quem sabe repetir a dose em breve.