
Era para ser mais um daqueles passeios rotineiros de bicicleta, desses que fazem parte da vida de quem busca uma existência mais saudável. Mas o que aconteceu com o maestro Gilberto Bacheski na última segunda-feira, 14 de outubro, transformou uma simples pedalada numa verdadeira prova de fogo.
O homem de 65 anos, conhecido por dedicar sua vida à música e ao ensino, sentiu algo estranho enquanto percorria as ruas do bairro São Cristóvão, em Caxias do Sul. Uma dor no peito que não era normal, uma sensação de aperto que aumentava a cada minuto. Coisa de quem conhece o próprio corpo e percebe quando algo está fora do lugar.
O socorro veio rápido, graças a Deus. Testemunhas que presenciaram a cena não hesitaram em acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. Os paramédicos chegaram num piscar de olhos e, reconhecendo a gravidade da situação, não perderam tempo. Diagnosticaram um infarto ali mesmo, na rua.
Da calçada para a UTI
O que se seguiu foi um daqueles dramas que vemos nos filmes, mas que ninguém quer viver na pele. Gilberto foi levado às pressas para o Hospital Geral de Caxias do Sul, onde recebeu os primeiros cuidados. Mas seu estado era tão delicado que precisou ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Unimed.
Lá, na UTI, o maestro enfrenta sua maior batalha. Familiares e amigos se revezam na espera por notícias, num daqueles corredores de hospital que parecem não ter fim. A incerteza paira no ar, mas a esperança permanece firme.
Uma vida dedicada às notas musicais
Gilberto não é apenas um ciclista amador. Sua verdadeira paixão sempre foram as partituras e os compassos. Como maestro da Orquestra de Sopros da Fundação Marcopolo, ele moldou talentos e encantou plateias. Como professor no Colégio La Salle Carmo, inspirou gerações de estudantes.
É irônico, não? Um homem que passou a vida regendo o ritmo perfeito das orquestras agora luta para encontrar o ritmo certo de seu próprio coração.
Os colegas músicos descrevem Gilberto como uma pessoa "fundamental" para a cultura local. Alguém que não apenas ensina música, mas que vive música. E agora, essa sinfonia precisa continuar.
Enquanto isso, nas ruas de Caxias do Sul, as bicicletas continuam circulando. Mas cada ciclista que passa pelo São Cristóvão agora carrega consigo a lembrança do maestro que quase perdeu a vida enquanto fazia o que amava. Uma lição dura sobre como a vida pode mudar num instante - entre uma pedalada e outra.