
Você já parou pra pensar que ir ao médico deveria ser mais do que uma simples transação comercial? Luiz Roberto Londres, um nome que dispensa apresentações no mundo da saúde, tem uma visão que vai muito além do óbvio. E ela pode mudar completamente como enxergamos os cuidados com nossa saúde.
Num mundo onde tudo é rápido e impessoal, Londres defende com unhas e dentes algo que parece ter ficado no passado: a medicina como arte. Não é só sobre saber qual remédio receitar — é sobre entender a pessoa por trás do paciente. Parece simples, né? Mas na correria do dia a dia, muitos profissionais acabam esquecendo desse detalhe crucial.
O Encontro Que Mudou Tudo
Londres conta uma história que me fez parar e refletir. Certa vez, atendeu um senhor idoso que reclamava de dores generalizadas. Enquanto a maioria talvez receitaria analgésicos e marcaria a próxima consulta, ele resolveu ir mais fundo. Descobriu que o homem havia perdido a esposa recentemente e praticamente não saía mais de casa.
"A solidão doía mais que qualquer artrose", disse o médico, com aquela sabedoria que só quem já viu de tudo possui. O tratamento? Incluiu sugerir que ele voltasse a jogar cartas com os amigos do bairro. Simples assim. E funcionou.
O Que Realmente Importa Na Relação Médico-Paciente
Ouvir. Parece bobo, mas quantas vezes seu médico realmente te escutou sem ficar olhando pro relógio ou pro computador? Londres é categórico: "A tecnologia é incrível, mas nunca substituirá o olho no olho". Ele tem razão — por mais avançados que sejam os equipamentos, nenhum deles capta aquela expressão de preocupação ou o tom de voz que revela mais que mil palavras.
E tem mais: segundo ele, muitos colegas se esquecem que cada paciente traz consigo uma história única. Não existe receita de bolo quando se trata de gente. O que funciona pra mim pode não servir pra você, mesmo que os sintomas sejam idênticos.
Os Três Pilares da Medicina Como Arte
- Empatia acima de tudo: Colocar-se no lugar do outro não é só bonito — é terapêutico
- Comunicação que cura: Saber explicar de forma clara e acolhedora faz parte do tratamento
- Paciência (essa virtude esquecida): As melhores respostas muitas vezes levam tempo pra aparecer
Não é à toa que Londres critica — com propriedade, diga-se — a medicina que se tornou linha de produção. Consultas de 15 minutos, pressa pra dar diagnóstico, excesso de exames desnecessários... Tudo isso distancia o profissional da verdadeira essência da profissão.
Um Alerta Necessário
O médico faz um alerta que deveria ser ouvido por todos nós, pacientes: "Quando seu doutor não te olha nos olhos, desconfie". É duro, mas verdadeiro. A relação de confiança é construída no detalhe, no gesto, na atenção genuína.
E aqui vai um pensamento que me pegou desprevenido: Londres acredita que parte dos problemas do sistema de saúde atual vem justamente dessa medicalização excessiva. "Às vezes, o melhor remédio é uma boa conversa", afirma, com a convicção de quem já viu isso funcionar centenas de vezes.
No final das contas, o recado dele é claro e urgente. Precisamos resgatar o lado humano da medicina — tanto os profissionais quanto nós, pacientes. Porque no fundo, todos queremos a mesma coisa: ser vistos, ouvidos e cuidados como pessoas inteiras, não apenas como um conjunto de sintomas.
E você, já parou pra pensar no último médico que realmente te ouviu?