Caspa difere entre homens e mulheres: estudo revela microbioma único
Estudo revela diferenças no microbioma da caspa por gênero

Um estudo científico recente trouxe uma nova perspectiva para um problema comum que afeta milhões de pessoas: a caspa. A pesquisa, focada no microbioma do couro cabeludo, revelou que as causas e a manifestação da condição podem ser significativamente diferentes entre homens e mulheres, o que impacta diretamente a eficácia dos tratamentos.

O que a ciência descobriu sobre o couro cabeludo

Publicado no periódico da Associação Britânica de Dermatologistas, o estudo analisou profundamente o ecossistema de microrganismos que habita o couro cabeludo. Os pesquisadores compararam amostras de indivíduos dos dois sexos e encontraram padrões distintos no desequilíbrio microbiano associado à dermatite seborreica leve, popularmente conhecida como caspa.

Os resultados foram claros: as pessoas com caspa apresentam um ambiente alterado. Os principais achados incluem:

  • Redução da Cutibacterium acnes: bactéria benéfica que ajuda a manter o equilíbrio da pele.
  • Aumento da Malassezia restricta: fungo que se alimenta do sebo e é um dos grandes responsáveis pela descamação e coceira.
  • Excesso de Staphylococcus capitis e Corynebacterium spp.: microrganismos que, em níveis elevados, promovem irritação e inflamação.

Por que a caspa nos homens é mais persistente?

A pesquisa foi além do microbioma e investigou características estruturais da pele. Foi descoberto que os homens possuem naturalmente menos ceramidas no couro cabeludo. Essas moléculas são componentes essenciais da barreira de proteção cutânea, responsáveis por reter água e bloquear agressores externos.

Com uma barreira mais frágil, o couro cabeludo masculino tem uma maior perda de água transepidérmica e fica mais vulnerável. Isso explica uma observação comum na prática clínica: mesmo quando a descamação parece visualmente menos severa, o desequilíbrio microbiano no couro cabeludo dos homens é semelhante ao de casos graves, tornando o quadro mais resistente e difícil de controlar.

Diagnóstico preciso é o primeiro passo para o tratamento eficaz

Diante das diferenças fundamentais entre os sexos, os especialistas reforçam que a abordagem precisa ser individualizada. O ponto de partida é sempre um diagnóstico preciso, que muitas vezes requer exames como a tricoscopia. Este procedimento amplia a imagem do couro cabeludo, permitindo avaliar com detalhes o nível de inflamação, oleosidade e descamação.

Com o diagnóstico em mãos, o tratamento pode ser personalizado e vai além dos shampoos comuns. O arsenal terapêutico moderno inclui:

  • Terapia com LED: usa luz para reduzir a inflamação e controlar a população de fungos.
  • Microinfusões de medicamentos: técnica que entrega ativos anti-inflamatórios e reguladores de sebo diretamente na pele.
  • Fórmulas tópicas personalizadas: combinações de agentes que controlam a oleosidade, antifúngicos e outros compostos, ajustadas ao perfil microbiano e à condição da barreira cutânea de cada paciente.

O estudo, comentado pelo médico tricologista Julio Pierezan, membro da Sociedade Brasileira do Cabelo, foi publicado em 3 de dezembro de 2025. Ele destaca que, com um diagnóstico correto e um tratamento ajustado, é possível controlar a caspa de forma muito mais eficaz, especialmente nos homens, que possuem uma barreira cutânea naturalmente mais desafiadora.