
Imagine acordar todos os dias com uma dor que não dá trégua. É assim que Dona Maria, de 76 anos, vive há cinco longos anos. A moradora de Sumaré, no interior paulista, depende de uma cirurgia de prótese de quadril que simplesmente desapareceu do radar do SUS.
E olha que a situação é das mais absurdas: a prefeitura local informou à família que esse tipo de procedimento não é realizado pelo sistema público desde 2020. Cinco anos de espera, cinco anos de sofrimento acumulado.
O que significa viver esperando
"É como se tivessem me esquecido numa gaveta", desabafa a idosa, que prefere não se identificar. Sua rotina? Basicamente tentar sobreviver aos dias entre analgésicos que mal fazem efeito e a dificuldade crescente de se locomover.
O caso dela não é isolante - e isso é o que mais assusta. Parece haver uma espécie de suspensão silenciosa dessas cirurgias que está afetando centenas, talvez milhares de pessoas pelo Brasil afora.
O que dizem as autoridades
A prefeitura de Sumaré, quando questionada, basicamente lavou as mãos. Alegou que a suspensão parte do governo estadual, que por sua vez joga a responsabilidade para o Ministério da Saúde. Enquanto isso, gente como Dona Maria fica no limbo.
É aquela velha história do "empurra-empurra" que a gente conhece tão bem no serviço público brasileiro. Só que dessa vez o preço está sendo pago em dor e qualidade de vida.
Números que doem
Desde que as cirurgias foram suspensas:
- Pacientes acumulam anos de espera
- Dores se tornam crônicas
- Mobilidade vai se reduzindo
- Qualidade de vida despenca
E o pior: ninguém consegue dizer quando - ou se - essa situação vai mudar. É como se tivessem colocado uma pausa na vida dessas pessoas.
Dona Maria, enquanto isso, segue sua batalha particular. "Às vezes penso que vou morrer esperando", confessa, com uma resignação que corta o coração. Sua história é mais do que um caso isolado - é o retrato de um sistema que parece ter virado as costas para quem mais precisa.
Enquanto burocracias se acumulam em gabinetes com ar condicionado, do outro lado da cidade uma senhora de 76 anos aprende diariamente o significado real da palavra paciência. E da palavra dor.