Quem disse que a magia da infância se perdeu? Em São José do Rio Preto, um avô decidiu provar que ainda existe - e com direito a instalações elétricas e hidráulicas, imagine só!
José Roberto Alves, um marceneiro aposentado de 68 anos com mãos que falam mais que palavras, passou os últimos três meses transformando madeira, amor e saudade em algo tangível. A motivação? Seus quatro netos, é claro. "Cansei de ver as crianças grudadas nas telinhas", conta ele, com aquela voz rouca de quem trabalhou a vida toda. "Queria dar pra eles o que eu tive: um cantinho de aventura."
Não É Qualquer Toco de Madeira Não
Mas vamos combinar uma coisa: isso aqui vai muito além de algumas tábuas pregadas num tronco. O projeto - que ele desenhou no verso de uma embalagem de massa - inclui:
- Iluminação completa com fiação embutida e lâmpadas LED
- Pequeno sistema de água com uma pia funcional (a água sobe por uma bombinha)
- Várias janelas com mosquiteiros - detalhe importantíssimo no interior paulista
- Varanda com corrimão seguro - nada de improviso quando o assunto é segurança
- Escada de acesso com degraus antiderrapantes
O mais engraçado? A energia vem de uma pequena placa solar que ele adaptou do poste da rua. "Gasto de luz zero", orgulha-se o vovô, com um sorriso que vale mais que qualquer diploma de engenharia.
O Processo Criativo (Ou: Como Enfurecer a Esposa)
A garagem da casa principal virou um canteiro de obras por semanas. "Minha mulher quase me matou com a serra elétrica ligada às sete da manhã de domingo", ri José Roberto. "Mas quando viu a carinha dos netos, esqueceu toda a bagunça."
Os materiais? Quase todos reciclados ou reaproveitados. As madeiras vieram de uma demolição antiga, os vidros sobraram de uma obra próxima, e até as fechaduras foram resgatadas de móveis descartados. Sustentabilidade não é moda pra ele - é necessidade e inteligência pura.
A Reação das Crianças: Puro Ouro
Quando finalmente revelou a surpresa, a reação foi... digamos, eletrizante. "O mais velho, de 8 anos, já se declarou 'morador oficial' e quer dormir lá todo final de semana", conta a filha de José, Maria Claudia. "Virou o point do condomínio - todos os amiguinhos querem visitar."
E não é só diversão. A casinha na árvore virou sala de aula não-oficial sobre física básica (como a água sobe?), biologia (que bichos visitam à noite?) e até matemática (quantos tijolos foram usados?). Educação disfarçada de brincadeira - genial, não?
Um Legado Que Vai Além da Madeira
O que começou como um passatempo virou símbolo de algo maior: a conexão entre gerações. Enquanto muitos avós se contentam com videochamadas, José preferiu sujar as mãos de serragem. "Melhor presentear com tempo e cuidado do que com presente comprado", filosofa ele, ajustando um parafuso frouxo.
E o projeto não para por aí - já tem planos para uma "expansion pack" com rede suspensa e pequena biblioteca. "Até ano que vem, tô fazendo uma varanda maior", adianta, com olhos que ainda brilham como os do neto mais novo.
No fim das contas, não se trata apenas de uma estrutura de madeira no quintal. É um monumento ao amor avoengo, à criatividade brasileira e à bela loucura de acreditar que ainda podemos construir magia - literalmente, com as próprias mãos.
