Pais transformam filhos em 'influencers mirins': até onde vai a monetização da infância?
Pais monetizam filhos nas redes: até onde vai?

Imagine acordar e descobrir que sua rotina virou conteúdo — sem seu consentimento. É o que acontece com milhares de crianças cujos pais transformaram suas vidas em espetáculo digital. A prática, que já rende discussões acaloradas em grupos de pais e psicólogos, ganhou novos contornos com relatos de excessos.

Quando o like vira moeda

"Minha filha de 4 anos já pergunta se o vídeo vai 'bombar'", contou uma mãe arrependida sob condição de anonimato. O caso não é isolado. De unboxings a "desafios" perigosos, a linha entre diversão e exploração parece estar se apagando — e rápido.

Psicólogos ouvidos pelo G1 são categóricos: a exposição precoce pode causar danos irreversíveis. "Crianças precisam brincar, não performar", alerta Dra. Luísa Mendonça, especialista em desenvolvimento infantil.

O lado legal da moeda

Juristas apontam que:

  • Contratos com marcas podem configrar trabalho infantil
  • A Justiça já tem casos de pais processados por filhos anos depois
  • O Estatuto da Criança protege a imagem dos menores

Mas será que as plataformas estão fazendo sua parte? Difícil dizer. Enquanto o TikTok remove conteúdos com danças sensuais de menores, outros vídeos igualmente questionáveis passam despercebidos.

O preço dos seguidores

Uma rápida busca revela canais com crianças:

  1. Comendo quantidades absurdas de comida
  2. Reagindo a presentes caríssimos
  3. Encenando situações adultas

"É assustador", define o educador digital Carlos Abreu. "Estamos criando uma geração que confunde validação virtual com afeto real."

E você? Onde traçaria a linha entre compartilhar momentos familiares e transformar filhos em produto? A discussão está longe de acabar — mas talvez devesse começar pelo básico: o direito das crianças a uma infância sem palco.