
Imagine acordar com o sol batendo na janela, o cheiro de café fresco e... um silêncio pesado no quarto ao lado. A vida tem dessas reviravoltas — e quando a morte decide bater à porta sem aviso, é bom saber como recebê-la.
Primeiros passos: quando o inesperado acontece
Respire fundo (sim, mesmo agora). Se você confirmou que realmente houve um óbito — e não apenas um desmaio ou sono profundo —, seu primeiro telefone deve ser para o 192 (SAMU) ou 193 (Bombeiros). Eles farão o "atestado de óbito in loco", documento essencial para tudo que vem depois.
Ah, e esqueça aquelas cenas dramáticas de filmes americanos — aqui no Rio, a polícia só é acionada quando há suspeita de violência. Caso contrário, o processo é bem mais... burocrático.
Papéis, burocracias e a dança dos prazos
- 24 horas: tempo máximo para comunicar o óbito ao Cartório de Registro Civil
- Até 6 horas: prazo para remoção do corpo (em dias normais)
- 0 reais: custo do serviço de remoção pelo IML — se você não escolher particular, claro
E aqui vai um detalhe que pouca gente sabe: se a morte ocorrer de madrugada, o IML só faz a remoção após as 6h. Sim, a morte também tem seu horário comercial.
Escolhendo a despedida: do econômico ao VIP
O Rio oferece desde funerárias que parecem hotéis cinco estrelas até o "pacote básico" da prefeitura — caixão simples, coroa de flores de plástico e uma cerimônia rápida. Os preços? Bem, digamos que variam como o preço do pão de queijo na praia.
- Serviço municipal gratuito: direito de todos, mas com fila de espera
- Planos funerários: aqueles que você assina e torce para não usar tão cedo
- Particulares: onde o céu (e o orçamento) é o limite
Um segredo de quem já passou por isso: algumas funerárias oferecem "descontos por indicação". Morbido? Talvez. Útil? Com certeza.
E os esquecidos no caminho?
O que acontece quando ninguém reclama o corpo? Depois de 72 horas no IML, ele vira "cadáver não reclamado" e segue para o Cemitério do Ricardo de Albuquerque — onde repousam os anônimos da cidade. Triste? Sem dúvida. Mas a vida — e a morte — seguem seu curso.
No fim das contas, a única certeza que temos é aquela que ninguém gosta de discutir no almoço de domingo. Mas quando ela chegar — e vai chegar —, pelo menos você já sabe os passos dessa dança inevitável.