Benta Bitencourt: Aos 103 anos, a rainha do centenário que encanta Criciúma com sua história viva
Benta, 103 anos: a rainha do centenário de Criciúma

Imagine ter vivido praticamente toda a história de uma cidade. Pois é exatamente isso que dona Benta Bitencourt de Assis, uma senhora de impressionantes 103 anos, representa para Criciúma. E olha que coisa linda: ela acaba de ser coroada como a verdadeira Rainha do Centenário da cidade!

A cerimônia, que rolou na última terça-feira, foi daquelas que arrancam lágrimas até dos mais durões. A escolha aconteceu no Centro de Convivência do Idoso, um lugar que - diga-se de passagem - já é praticamente a segunda casa dela.

Uma vida que é praticamente um museu vivo

Benta não é apenas mais uma idosa. Ela é, nas palavras dos organizadores, "um testemunho vivo da trajetória criciumense". Nasceu em 1922, mesmo ano em que Criciúma era elevada à categoria de cidade. Coincidência? A gente até poderia chamar de destino.

Ela lembra com impressionante clareza de detalhes que a maioria de nós só conhece pelos livros de história. "A cidade era tão diferente", conta com a voz mansa de quem carrega décadas de memórias. "As ruas de terra, o ritmo mais devagar da vida... Mas o coração das pessoas sempre foi o mesmo: acolhedor."

O segredo da longevidade? Talvez esteja na simplicidade

Quando perguntam sobre o segredo para chegar aos 103 anos com tanta lucidez e bom humor, dona Benta solta uma daquelas risadas que contagiam qualquer ambiente. "Ah, moço, eu não fiz nada de especial não", diz com a modéstia típica de sua geração. "Só vivi um dia de cada vez, trabalhei muito e tentei não guardar mágoas."

E olha que interessante: ela atribui parte de sua vitalidade à participação ativa no Centro de Convivência. "Aqui eu me sinto viva, útil. Converso, brinco, danço quando dá... A idade é só um número, o importante é o que a gente faz com ele."

A emoção da coroação

O momento da coroação foi, sem exagero, de cortar o coração. Enquanto recebia a coroa - que parecia feita sob medida para sua história - seus olhos marejados contavam mais do que mil palavras poderiam expressar. A plateia, é claro, não segurou a emoção.

"É justo, mais do que justo", comentava uma das funcionárias do centro, visivelmente emocionada. "Dona Benta não representa apenas os idosos, mas a própria essência de Criciúma. Ela é a memória viva da nossa gente."

E não foi só a coroa que ela ganhou. Como verdadeira rainha, recebeu também um lindo buquê de flores - que ela abraçou como se estivesse abraçando a própria cidade.

O que essa história nos ensina?

Num mundo tão obcecado pelo novo, pelo jovem, pelo descartável, a história de dona Benta nos dá uma bela lição sobre valorizar nossas raízes. Ela prova, com sua simples existência, que os verdadeiros tesouros de uma comunidade estão nas pessoas que carregam suas histórias na memória - e no coração.

Criciúma, ao escolher como rainha de seu centenário uma mulher que acompanhou cada década de sua existência, fez mais do que uma simples homenagem. Fez um tributo à sua própria identidade, à resistência do seu povo, à beleza de envelhecer com dignidade e orgulho.

E dona Benta? Continua frequentando o centro de convivência, contando suas histórias, espalhando sua sabedoria simples mas profunda. Afinal, rainha não tira folga - especialmente quando seu reinado é feito de afeto e memórias compartilhadas.