Entidades médicas pedem suspensão de canetas emagrecedoras manipuladas
Entidades pedem suspensão de canetas emagrecedoras

Um grupo formado por cinco das principais entidades médicas do Brasil protocolou um pedido urgente junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O documento solicita a suspensão cautelar nacional da fabricação, venda, distribuição e prescrição de versões manipuladas e injetáveis de medicamentos usados no tratamento da obesidade.

Risco Iminente à Saúde Pública

O pedido, protocolado em 2 de dezembro de 2025, tem como base um alerta sobre um risco sanitário iminente. As entidades afirmam que há evidências clínicas, sanitárias e até policiais indicando a circulação em larga escala, em todo o país, de formulações clandestinas de substâncias como tirzepatida e retatrutida.

Essas substâncias são agonistas de GLP-1/GIP, a mesma classe dos medicamentos de marca Ozempic, Wegovy e Mounjaro, popularmente chamados de "canetas emagrecedoras". Segundo o documento, os produtos manipulados em farmácias não possuem garantia de qualidade, pureza, esterilidade ou estabilidade, colocando a vida dos pacientes em perigo real e imediato.

Processo Industrial Impossível de Reproduzir

As entidades destacam que a produção dos medicamentos originais envolve trâmites industriais complexos e sofisticados, que não podem ser replicados em farmácias de manipulação. Entre as etapas críticas estão:

  • Validação precisa da dose do princípio ativo.
  • Testes avançados de estabilidade do produto.
  • Uso de veículos específicos para a substância.
  • Envase asséptico com certificação rigorosa.

A ausência desses controles em versões manipuladas torna os produtos imprevisíveis e perigosos.

Fala do Presidente da AMB

O presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Dr. César Eduardo Fernandes, uma das entidades signatárias, foi enfático ao descrever a gravidade da situação. "Estamos diante de um cenário que ultrapassa a irregularidade pontual. O que vemos é um sistema estruturado de fabricação e venda clandestina, com risco real e imediato para a saúde dos pacientes", afirmou.

Fernandes ressaltou que a situação já alcançou um nível crítico, demandando ação rápida e decisiva das autoridades regulatórias.

Quem Assina o Pedido e Outras Solicitações

Além da AMB, o pedido conjunto foi assinado por outras quatro importantes sociedades médicas:

  • Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
  • Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
  • Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
  • Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

Juntas, elas também solicitaram à Anvisa que tome outras medidas complementares. Entre elas, estão ações de rastreamento de insumos sem procedência conhecida, a realização de auditorias em estabelecimentos suspeitos e, crucialmente, a emissão de um alerta sanitário nacional.

Este alerta teria o objetivo de esclarecer à população que não existe equivalência entre os medicamentos manipulados e os produtos aprovados e regulados pela agência, combatendo a desinformação e protegendo os consumidores.