Brasil e Peru unem forças na fronteira para eliminar malária na Amazônia
Brasil e Peru discutem eliminação da malária na fronteira

Em um esforço conjunto para enfrentar um dos principais problemas de saúde pública na região amazônica, representantes do Brasil e do Peru realizaram um encontro binacional na sexta-feira (5). A reunião aconteceu em Tabatinga, cidade do interior do Amazonas localizada na estratégica tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.

Estratégia conjunta contra a malária

O Encontro Binacional Brasil–Peru reuniu autoridades de saúde dos dois países com um objetivo claro: fortalecer a cooperação internacional e acelerar a eliminação da malária causada pelo parasita Plasmodium falciparum. Este protozoário, transmitido pela picada do mosquito Anopheles, é um dos mais perigosos agentes da doença.

As discussões focaram em ampliar o acesso ao diagnóstico e ao tratamento em comunidades dispersas pela vasta geografia amazônica. Outro ponto crucial foi o reforço da vigilância epidemiológica em grupos considerados prioritários, garantindo uma resposta mais ágil e eficaz.

Integração é a chave para o sucesso

A diretora-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP), Tatyana Amorim, enfatizou que o combate à malária depende fundamentalmente da articulação entre diferentes esferas de governo e nações vizinhas. “A cooperação internacional amplia nossa capacidade de proteger as populações mais vulneráveis”, afirmou.

Ela complementou: “O trabalho integrado entre municípios, estado e parceiros estratégicos fortalece cada etapa da resposta à malária”. A declaração sublinha a visão de que ações isoladas têm impacto limitado em uma região de fronteira fluida e dinâmica.

Elder Figueira, diretor de Vigilância Ambiental da FVS-RCP, ressaltou a importância prática dessa integração. Ele citou os municípios brasileiros de Tabatinga, Benjamin Constant e Atalaia do Norte, que fazem parte do complexo fronteiriço. “Essa proximidade exige estratégias de controle integradas entre gestores dos diferentes países, para que as ações sejam efetivas e beneficiem toda a população local, independentemente da nacionalidade”, explicou Figueira.

Amazonas no centro do combate

As ações discutidas no encontro estão alinhadas ao Plano Estadual de Eliminação da Malária do Amazonas, desenvolvido em colaboração com as esferas federal e municipal. A estratégia prioriza abordagens customizadas, que levem em conta as particularidades do território amazônico, com foco na eliminação da doença e na proteção dos grupos mais expostos.

Myrna Barata, gerente de Malária e Outros Hemoparasitas da FVS-RCP, lembrou que o Amazonas continua sendo uma das regiões mais afetadas pela malária no Brasil. Diante desse cenário desafiador, ela destacou a necessidade de monitoramento contínuo. “Monitorar os efeitos das mudanças climáticas e ajustar nossas ações é essencial para garantir estratégias de prevenção e controle cada vez mais eficazes”, afirmou Barata.

O alerta sobre a situação no estado ganha ainda mais relevância com dados recentes. A Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) já havia advertido sobre o aumento nos casos de malária na capital amazonense entre os meses de junho e setembro, período que historicamente apresenta condições favoráveis para a proliferação do mosquito transmissor.

Esta iniciativa binacional representa um passo significativo na tentativa de conter a transmissão da malária em uma das regiões mais críticas, demonstrando que a solução para problemas de saúde pública complexos muitas vezes reside na união de esforços além das fronteiras nacionais.