
Os números chegam e doem. O Maranhão, esse estado de belezas naturais de tirar o fôlego e de uma cultura que é pura resistência, continua afundado num poço sem fundo quando o assunto é renda. O Censo 2022, aquela fotografia gigante que o IBGE tira do Brasil a cada década, revelou uma realidade que muitos maranhenses sentem na pele todos os dias: a renda domiciliar média por pessoa aqui é uma das mais baixas do país.
Imagine conseguir viver com R$ 1.592 por mês para sustentar toda uma casa. É isso. Esse é o valor médio que cada domicílio maranhense tem para se virar mensalmente. Um número que, convenhamos, não paga nem o básico com dignidade nos dias de hoje.
O Retrato Cruel da Desigualdade
Enquanto alguns estados nadam em cifras bem mais generosas, o Maranhão fica lá embaixo na tabela, só na frente do miserável Piauí e do ainda mais combalido Alagoas. A distância é absurda. Para você ter ideia, a média nacional é de R$ 2.112 – uns 30% a mais do que temos por aqui.
E sabe o que é pior? Essa diferença não é novidade. É uma ferida que não fecha, uma realidade que se repete censo após censo. Parece que o estado está preso num ciclo vicioso de pobreza que ninguém consegue – ou quer – quebrar.
Quando os Números Têm Rosto
Mas vamos parar de falar só de estatísticas por um minuto. Por trás desses R$ 1.592 tem gente de verdade. São famílias que precisam escolher entre comprar comida ou pagar a luz. São mães que contam cada centavo no mercado. São jovens que desistem de estudar porque precisam trabalhar.
O norte e nordeste do país, como sempre, concentram as piores situações. Não é coincidência – é herança histórica, é falta de investimento, é abandono político. Uma combinação perversa que mantém milhões de brasileiros num patamar de vida que não condiz com a riqueza que este país produz.
O Censo 2022 escancarou o óbvio: o Brasil continua profundamente desigual. E o Maranhão, com toda sua potência cultural e natural, segue sendo uma das faces mais duras dessa desigualdade. Os números estão aí – o desafio agora é transformá-los.