Censo 2022: 69,1% dos moradores de favelas do DF vivem em áreas arborizadas
Censo 2022 revela arborização em favelas do Distrito Federal

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta sexta-feira (5), um retrato detalhado das condições das vias em favelas e comunidades do Distrito Federal, com base nas informações coletadas durante o Censo Demográfico de 2022. Os números revelam um cenário de contrastes, especialmente quando comparados com os dados de regiões com maior poder aquisitivo dentro da capital federal.

Arborização nas comunidades: DF em destaque no Centro-Oeste

Um dos dados mais positivos apontados pelo estudo refere-se à presença de árvores. 69,1% dos residentes em favelas e comunidades do DF moram em trechos de vias considerados arborizados. Esse percentual coloca o Distrito Federal na segunda posição entre as unidades da federação do Centro-Oeste, ficando atrás apenas do Mato Grosso do Sul, onde 76,9% dos moradores de comunidades vivem em áreas arborizadas.

Em uma comparação nacional, o DF ocupa a terceira colocação, sendo superado pelo Mato Grosso do Sul e pelo Tocantins, que registra um índice de 80,1%. Entretanto, a disparidade fica evidente ao se analisar outras regiões do próprio Distrito Federal. Em áreas de maior poder aquisitivo, a taxa de arborização salta para 85,6%, indicando uma desigualdade no acesso a um ambiente urbano mais verde.

Sol Nascente: a segunda maior favela do Brasil lidera em verde

Dentre as 20 maiores favelas do país, o Sol Nascente, localizado no Distrito Federal, se destaca positivamente. A comunidade, que é a maior do DF e a segunda maior do Brasil, apresenta o maior número de moradores vivendo em trechos arborizados: 70,7%. Esse índice é superior à média geral das favelas do DF e se aproxima mais da realidade das áreas mais ricas.

Contudo, os dados do Censo 2022 vão além da arborização e expõem graves deficiências na infraestrutura básica oferecida nessas localidades, criando um quadro de desigualdade urbana profunda.

Infraestrutura urbana: um abismo entre favelas e o restante da cidade

O levantamento do IBGE detalha outras características das vias, mostrando onde os investimentos públicos falham em chegar de forma equitativa. A presença de calçadas, por exemplo, é um direito básico de mobilidade. Nas favelas e comunidades do DF, apenas 52,8% dos moradores vivem em trechos com calçada ou passeio. Fora dessas áreas, o percentual é esmagadoramente maior, atingindo 96,3%.

A iluminação pública, essencial para a segurança, também apresenta uma lacuna significativa. Enquanto 73,1% dos moradores de comunidades estão em vias iluminadas, nas outras regiões esse número sobe para 95,4%.

Outros serviços essenciais mostram defasagem ainda mais crítica:

  • Acesso a transporte público: Apenas 6,6% dos residentes em favelas vivem em trechos com ponto de ônibus ou van, contra 8% nas outras áreas.
  • Drenagem urbana: A presença de bueiros ou bocas de lobo, fundamentais para evitar alagamentos, cobre apenas 28,5% dos trechos nas comunidades. Nas áreas fora das favelas, a cobertura é de 64%.

Os números do Censo 2022 servem como um diagnóstico preciso das desigualdades territoriais no Distrito Federal. Eles evidenciam que, embora alguns indicadores ambientais, como a arborização, apresentem resultados relativamente positivos em comparação nacional, as carências em infraestrutura básica permanecem como um desafio urgente para as políticas públicas. A garantia de calçadas, iluminação, transporte e drenagem adequada é um passo fundamental para reduzir a vulnerabilidade e promover a equidade urbana para todos os moradores da capital federal.