Censo 2022 revela que 3,6 milhões vivem em favelas de SP; infraestrutura é desafio
Censo 2022: 3,6 milhões em favelas de SP; infraestrutura precária

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou, nesta quinta-feira, 5 de janeiro, um retrato detalhado das condições de vida nas favelas do estado de São Paulo. O estudo, baseado nas informações coletadas durante o Censo Demográfico de 2022, revela que aproximadamente 3,6 milhões de pessoas residem nessas localidades, distribuídas em cerca de 1 milhão de domicílios.

Esse contingente representa 8% da população total do estado, evidenciando a significativa parcela de paulistas que habitam em comunidades. A divulgação dos números oferece uma visão inédita e atualizada sobre a realidade socioeconômica e os principais problemas enfrentados por esses moradores.

Perfil Demográfico dos Moradores das Comunidades

O levantamento do IBGE traçou um panorama étnico-racial e etário dos habitantes das favelas paulistas. Em relação à cor ou raça, a maioria da população, 52%, se declarou parda. Os brancos correspondem a 34,4%, enquanto os pretos somam 13,2% dos residentes.

Quando o foco é a faixa etária, os dados mostram uma população predominantemente jovem e em idade ativa. Crianças e adolescentes com até 19 anos totalizam pouco mais de 1 milhão de indivíduos, o que equivale a 32% do total. A população adulta, entre 20 e 59 anos, concentra a maior parte, com mais de 2 milhões de pessoas, representando 59% dos moradores. Já os idosos, com 60 anos ou mais, são 319 mil, correspondendo a 8,9% dos habitantes das comunidades.

Infraestrutura: O Grande Desafio das Favelas Paulistas

O estudo do IBGE deixou claro que a infraestrutura urbana deficiente é o principal obstáculo para a qualidade de vida nessas áreas. Um dos dados mais impactantes se refere à quase ausência de áreas verdes: 66,4% dos moradores vivem em regiões onde não há nenhuma árvore. Em contraste, fora das comunidades, esse percentual cai drasticamente para 25,2%.

A carência de itens básicos também é marcante. De acordo com o Censo, 15,2% das moradias não contam com iluminação pública em seu entorno. Embora a maioria resida em ruas pavimentadas, outro problema grave é a falta de calçadas: quase metade dos moradores (44,8%) não tem esse item na porta de casa. Fora do contexto das favelas, esse índice é de apenas 4,8%.

Mobilidade e Acesso Limitados ao Transporte Público

As dificuldades de locomoção aparecem de forma contundente no levantamento. Para 21,7% dos residentes nas favelas, o acesso às suas casas só é possível a pé, de bicicleta ou de moto, devido à falta de vias adequadas para veículos maiores. No restante do estado de São Paulo, menos de 1% da população enfrenta essa mesma situação.

Outro ponto crítico é a distância do transporte público coletivo. O estudo aponta que apenas 6,2% dos moradores das comunidades vivem perto de um ponto de ônibus ou de van. Esse dado indica que uma grande parcela dessa população precisa percorrer longas distâncias para conseguir utilizar os serviços de transporte público, onerando ainda mais seu deslocamento diário.

Os números divulgados pelo IBGE reforçam a urgência de políticas públicas direcionadas para a melhoria da infraestrutura urbana nas favelas. A superação dos déficits em mobilidade, saneamento básico e áreas de convivência é fundamental para garantir direitos básicos de cidadania e promover a inclusão social de milhões de paulistas.